O presidente do Cuiabá, Cristiano Dresch, deu sua versão sobre as recentes saídas no elenco. O dirigente concedeu entrevista coletiva nesta quinta-feira, no CT do Dourado, para explicar os desligamentos dos meias Nicolás Quagliata e Pablo Ceppelini.

Dresch ressaltou a cobrança interna por comprometimento e, implicitamente, deu a entender que a postura dos jogadores fora dos gramados não estava agradando à diretoria.

– O Cuiabá é um clube muito diferente dos outros. Sempre foi clube-empresa, nunca foi associação, gerido de dentro para fora. O Cuiabá nunca foi gerido pelas opiniões de fora do clube. Se não tiver uma cobrança muito forte aqui dentro, as coisas não andam. Aqui não tem uma imprensa esportiva que é terrível nas críticas, não tem e nunca vai ter torcida organizada que pressiona os jogadores, que vem tacar pedra no carro.

– (As saídas) São coisas que acontecem desde 2011, quando o Cuiabá estava na Série D. Aqui, se não andar conforme as coisas que nós gostamos e precisamos, vai sair. Tem uma frase que eu costumo usar: Quem não ajuda, atrapalha. A gente precisa de pessoas comprometidas. A maioria das pessoas tem que trabalhar oito horas por dia, e o jogador trabalha em torno de quatro horas presencialmente. Quando ele não está aqui, ele está trabalhando também, porque precisa descansar, comer e dormir. E isso interfere no resultado dentro de campo. Quem não estiver rendendo, vai sair, seja o menor ou maior salário. Aqui tem que dançar a nossa música, quem não dançar, sai fora.

Perguntado sobre o clima diante da fase ruim – são seis jogos sem vencer -, o mandatário foi categórico e disse que ninguém está no clube “para fazer amizade”, mas negou a existência de conflitos no grupo.

– Falo para os jogadores e para a comissão técnica: aqui a gente não está pra fazer amizade. Estamos aqui pra ganhar jogo. Eu nunca levei ninguém do Cuiabá pra fazer churrasco na minha casa. As pessoas querem que a gente mate o gato, ninguém quer saber se vai ser na pedrada ou na paulada. Aqui ninguém tem problema pessoal. Se tiver clima bom com um empate em seis jogos seria estranho. Aqui é um ambiente profissional, sabemos que precisamos melhorar pra voltar a ganhar. Os jogadores estão sendo cobrados. Aqui não é lugar pra fazer amizade, aqui é pra ganhar jogo.

Após a derrota para o Atlético-MG, o goleiro Walter desabafou ao declarar que a união precisava ser maior dentro e fora de campo. Dresch contornou a manifestação do capitão auriverde, mas admitiu que o elenco ficou deslumbrado após a sequência de seis jogos de invencibilidade.

– Depois da nossa fase boa, (o elenco) desfocou. Tem gente que é acostumado a comer carne moída todo dia e tem gente que é acostumado a comer picanha. Quando o cara que come carne moída começa a comer picanha, ele muda. Foi o que aconteceu com a gente. Foi a primeira vez que um jogador do Cuiabá deu entrevista pro SporTV, quando o Deyverson foi. O António ganhou prêmio de técnico do mês. Vocês precisam entender que isso tirou um pouco do eixo, relaxa, é normal. Essa fala do Walter cabe nisso. Não tem nenhum problema aqui, até porque se tivesse já estaria resolvido. Precisamos voltar a ganhar, é isso.

Veja outros tópicos da entrevista

Respaldo a António Oliveira

– O trabalho do António é o mesmo. Você tem que analisar o seguinte no treinador: primeiro, se tem o comando do grupo e, segundo, se o trabalho tático é bem feito. O António tem o respeito dos jogadores e o trabalho é o mesmo. O António vai conosco até o final. Eu falei isso ano passado numa situação muito pior. Eu confio nele. As mudanças de treinador têm que ter um motivo. Não é porque está perdendo ou porque a torcida não gosta. Tem vários exemplos de clubes que fazem isso e o resultado é horrível. O António está mantido e está prestigiado até o final do campeonato.

Convocação da coletiva

– Eu gosto de falar quando precisa. Não vou ficar aqui vindo falar à toa, aparecendo toda hora na mídia. Eu acho que tem uns momentos importantes que a gente precisa vir dar satisfação para o torcedor do Cuiabá e para a sociedade em geral. Tivemos as saídas do Nicolás semana passada, agora a do Pablo, eu tenho que vir aqui dar uma satisfação. Nunca perdi o controle no Cuiabá. Começamos do nada, meu pai (Manoel Dresch) e meu tio (Aron Dresch) não ganharam na mega-sena. A gente não comprou uma vaga na Série B igual o Bragantino. Foi lutando série por série. Se manter na Série A é mais difícil do que subir da B. As coisas não acontecem por acaso. Nunca vou deixar de vir aqui dar a cara para bater. Não tem ninguém na minha mira, eu não sou carrasco, eu sou simplesmente a pessoa que está na função de gerir. É igual uma família, se não tiver um pai que mande, uma mãe ou os dois, a família se perde. Aqui é assim. Eu prefiro fazer algo do que não fazer e depois me arrepender de não ter feito.  (GE)