Numa CBF em cenário conturbado, com eleições à vista – depois de nova punição ao presidente afastado Rogério Caboclo -, o presidente em exercício Ednaldo Rodrigues promete melhorias na arbitragem brasileira. Depois da saída de Leonardo Gaciba, antecipada pelo ge no início desta sexta-feira, o mandatário da CBF anunciou uma concentração imediata de árbitros na Granja Comary. A ordem é a seguinte: discutir e debater critérios para ajustá-los nos jogos finais das competições nacionais.
– Apesar dos altos investimentos que a CBF tem realizado nos últimos anos, entendemos que a arbitragem não estava à altura dos investimentos colocados, muitos erros, e esses erros estavam prejudicando muitos clubes. Portanto, nossa meta foi exatamente foi fazer a mudança porque os árbitros estavam sem ter um critério de trabalho – disse Ednaldo, em entrevista ao ge.
Gaciba foi substituído pelo ex-árbitro Alício Pena Júnior até o fim de 2021, mas Ednaldo garante que as mudanças vão seguir. E não vão ser poucas. O presidente em exercício quer reorganização de toda a estrutura.
– Vai ser muito ampla a reestruturação da arbitragem brasileira. Queremos fazer de uma forma muito drástica, para dizer assim, no bom sentido da palavra, que possa ser para melhoria. Tanto que nessa reta final o novo presidente, interino, o Alício Pena Júnior, já foi determinado que ele vai concentrar todos os árbitros na Granja Comary para treinamentos, para corrigir situações e critérios para que possamos ter uma arbitragem cada vez mais qualificada. Esse é o objetivo para que possamos, a partir do término da competição, iniciarmos a reestruturação e chegarmos nas competições em 2022 com uma nova sinalização na arbitragem brasileira – disse o presidente da CBF.
Ednaldo Rodrigues, presidente interino da CBF — Foto: Reprodução
Redução de quadro na reta final da Série A
Ednaldo Rodrigues ainda não anunciou novas medidas e novos nomes, mas uma delas está definida: os 38 árbitros que costumam apitar na Série A serão reduzidos a 30 nomes. O objetivo é diminuir a elite de juízes na reta final da competição, para tentar evitar novos os erros. O dirigente quer discussão e muito debate para descentralizar as decisões da comissão de arbitragem.
– A reestruturação passa por alguns pilares, como não ter um comandante individual. Tem que ter comandos compartilhados para que tenhamos todos decidindo em prol de uma arbitragem mais qualificada. Isso não quer dizer que, para fazer uma escala, todos tenham que dar opinião. Mas ela tem que ser muito fiscalizada e dividida, para que erros não aconteçam da forma que está acontecendo.
– Eu diria que o perfil que procuramos é de um diretor de arbitragem que cuidaria de todas as questões administrativas e dividiria a parte técnica e psicológica para que os árbitros estejam bem orientados e qualificados em todos os sentidos. Queremos que tenha não quantidade, mas qualidade.
A queda de Leonardo Gaciba já era prevista, mas foi antecipada depois da polêmica arbitragem de Vinícius Gonçalves Dias Araújo na vitória do Flamengo por 3 a 0 sobre o Bahia, quinta-feira, no Maracanã. O árbitro marcou pênalti depois que a bola tocou no peito do zagueiro Conti, do Tricolor baiano. Ele manteve a decisão mesmo depois de ver a imagem no monitor.
A CBF liberou o áudio da conversa de Vinícius com o árbitro de vídeo. Ele justifica a marcação dizendo que o jogador do Bahia fez uma “ação de bloqueio” na jogada.
O presidente interino da CBF também pensa em ouvir especialistas de arbitragem de fora do país. Segundo ele, para que possam dar parecer e orientação. O presidente em exercício fez críticas a algumas intervenções do VAR no Brasileirão, mas assegurou que a ferramenta não sofrerá mudanças.
– É importante, por mais que demore em uma correção, mas sendo certa e corrigindo um erro, já justifica. Porém, ele tem que ser melhor treinado e de uma forma mais rápida para que possamos não trazer transtorno e o VAR atuar só quando é de direito, e não de uma forma que é hoje, que praticamente tem uns que, com todo o respeito, querem apitar o jogo – afirmou Rodrigues, tratando também de todas as reclamações que a CBF tem recebido.
– Nós respeitamos todos os posicionamentos de qualquer dirigente e até torcedores, esse é meu modo de encarar as coisas, vamos procurar trabalhar com tudo aquilo que temos de críticas construtivas, nossa resposta é exatamente respeito à opinião de cada um. (Globo Esporte)