A noite de gala do ‘Prêmio Jejé de Oyá – Aos Personagens Negros – edição 2022’ foi marcada por muita elegância e animação. A cerimônia foi realizada na última sexta-feira (29), no Cine Teatro Cuiabá. O evento contou com apoio da Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer, integrando a programação em comemoração ao aniversário de 303 anos da capital.
O Prêmio Jejé de Oyá tem como objetivo reconhecer os personagens negros de Cuiabá e da Baixada Cuiabana pelas histórias de luta, resistência, produção independente, capacidade criativa, empreendedorismo comercial e cultural, conhecimento educacional científico, merecimento e pertencimento étnico racial-religioso.
“O Prêmio Jejé já chegou com selo de qualidade. Agradeço todo o apoio da Prefeitura de Cuiabá e todos os envolvidos. Tudo foi feito com muita qualidade buscando reconhecer as histórias desses profissionais. A premiação está linda e objetivo é trazer esse reconhecimento”, disse o idealizador do evento, Jeferson Bertoloti.
Durante o evento foram realizadas diversas apresentações culturais, da black music ao funk de Cuiabá.
Na edição deste ano, cinco personagens foram homenageados pelo destaque social. Um deles foi o professor, Waldir Bertútilo, que demonstrou sua satisfação pela homenagem.
“Essa homenagem direciona outros olhares que até agora não haviam sido colocados nessa perspectiva das grandes diferenças sociais. Jejé já naquela época ousava sair de “bambolê”, que era uma sandália feminina, bermuda colorida e sombrinha, desafiando, trazendo isso num contraponto a formação religiosa que teve, ele foi pioneiro e, mais do que isso, foi responsável pela construção do poder de fala entre a elite branca e a negra, isso é extremamente importante”, pontuou Bertútilo.
Além disso, dez personagens negros foram escolhidos pelo júri técnico e premiados por se destacarem em suas áreas de atuação. São eles: Ivan Belém, na categoria Performance Artística; Casa das Petras, na categoria Impacto Social; Cândida da Costa, pelo Destaque Afro Científico; Romilson Dourado, Comunicação e Jornalismo; Crisálida Cachos, Estética e Identidade Negra; Babu Seteoito, Artes Visuais; Helaine Magalhães, Alimentação e Gastronomia; Luciene Carvalho, Escrita Artística; Xoxo From Cuiabá, Mídias Sociais, e Glauco Marcelo de Almeida, Performance Física.
“É uma honra receber esse prêmio em uma Cuiabá que ainda precisa estar atenta ao reconhecimento dos valores e ressarcir a nível emocional e de importunidades a valorização do povo preto. Esse prêmio Jejé de Oyá é um primeiro despertar e vamos trabalhar para que o povo preto continue sendo reconhecido no que tem de artista, empreendedor, criativo e como ser humano”, celebrou Luciene de Carvalho, uma das premiadas.
O secretário de Cultura, Esporte e Lazer, Aluizio Leite, também esteve presente para prestigiar a cerimônia e destaca a importância do reconhecimento de Jejé de Oyá.
“Jejé foi uma figura destacada na nossa sociedade. Ele que era um colunista à frete do seu tempo e que também lutou contra o preconceito racial e de gênero. Então, por tudo que ele representa na história da cultura cuiabana, ele precisa e deve ser valorizado. Então, esse prêmio é um reconhecimento também de personalidades negras que contribuem com o progresso e desenvolvimento da nossa capital, por isso, merece todo o destaque e a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer de Cuiabá está aqui presente”, reforçou o secretário.
O evento foi realizado pela Bemtivi Academia de Arte, em parceria com o Instituto Cultural Casarão das Artes, Secretaria de Estado de Cultura, Esporte E Lazer, com apoio da Secretaria Municipal de Cultura, Esporte e Lazer, Assembleia Social, Cine Teatro De Cuiabá, Grupo Cena Onze, Cooperflora, Grana Preta e da Comissão de Defesa da Igualdade Racial da OAB-MT.
Jejé de Oyá
José Jacintho Siqueira de Arruda, colunista social, alfaiate e carnavalesco, filho biológico do casal Egídio Nunes de Arruda e Benedita de Siqueira, nasceu em Rosário Oeste em 3 de junho de 1934, ainda criança foi acolhido em Cuiabá na casa de Catarina Monteiro da Silva Cuiabano onde foi adotado por Crescêncio Monteiro da Silva e Luiza Monteiro da Silva.
Figura histórica do carnaval cuiabano desfilou nos bailes, clubes, blocos e avenidas da cidade nos carnavais de 1954 a 2010. Participou de grandes e importantes momentos da história social e política mato-grossense. Jejé como era conhecido desde criança, marcou sua época como símbolo maior da luta contra o preconceito racial e sexual. Ganhou a simpatia da capital sendo eleito em consulta popular do jornal Diário de Cuiabá como a personalidade que tinha a “cara da cidade”, entre outras honrarias públicas foi condecorado como Comendador do Comércio Mato-grossense e após seu falecimento em 11 de janeiro de 2016 em sua residência em Cuiabá o governo do Estado de Mato Grosso sancionou uma lei reconhecendo o decano Jejé de Oyá como Patrono do Colunismo Social Mato-grossense.