Os consumidores mato-grossenses deverão sentir um aumento no preço da cerveja nas próximas semanas, conforme informações de representantes de supermercados e de bares e restaurantes. O tamanho desse aumento ainda não foi confirmado, mas informações preliminares já dão uma dimensão do que vem pela frente. Segundo a CervBrasil, associação que representa algumas cervejarias nacionais, os custos de produção tiveram alta de 23%, em média, enquanto a receita das cervejarias cresceu apenas 11%.
Lorenna Bezerra, presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes – Seccional de Mato Grosso (Abrasel/MT), lembra que o aumento já havia sido anunciado no início do ano. Portanto, bares e restaurantes já esperavam a elevação dos preços das bebidas.
“Tudo aumentou. As cervejarias estão repassando para os comércios e o comércio vai repassar para o consumidor. É um ajuste normal. Isso não vai onerar e fazer com que as pessoas deixem de consumir. É um reajuste corriqueiro”, afirma Lorenna.
A empresária aponta que as empresas não estão conseguindo repassar os aumentos nos preços dos insumos na mesma velocidade em que eles acontecem.
Em razão dessa dificuldade em repassar os aumentos dos insumos, Lorenna afirma que a alimentação fora do lar continua sendo uma opção mais barata, pois os restaurantes compram em volume e possuem processos mais otimizados, aproveitando 100% das matérias-primas, o que é mais difícil de ocorrer dentro das residências.
Apesar do custo operacional alto, Lorenna acredita que, se continuar da forma como está, o setor vai conseguir recuperar os prejuízos causados pela pandemia em dois anos, para só então recomeçar a crescer. O maior desafio, segundo ela, é arcar com as altas taxas de juros do Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), que cresceram à medida em que o Banco Central aumentou seus esforços para combater a inflação de dois dígitos.
“A gente pegou o Pronampe numa taxa Selic de 2% e hoje ela está em 13%. O restaurante que tinha uma parcela de 2 mil, hoje ela está R$ 2,9 mil a R$ 3 mil. Ele é indexado na taxa Selic. Conforme está a taxa Selic do mês, é gerado o valor da parcela. Então, a parcela é variável”, esclarece.
Lorenna ainda sugere a desindexação dos empréstimos à taxa Selic, para garantir mais estabilidade no fluxo de caixa.
“Os caixas ainda não estão positivos, mas um dia de cada vez. Com a ajuda do governo, principalmente na parte de impostos, a gente vai conseguir superar daqui mais ou menos uns dois anos, é a nossa previsão”, conclui.