Inicialmente devemos diferenciar “veneração” de “adoração”. Venerar é demonstrar grande admiração por algo ou alguém, ou seja, é demonstrar respeito profundo e grande afeição. Significa reverência à algo que nos remete a Deus.
É o culto de honra às pessoas vivas, aos heróis da história que já morreram, aos santos e a bem-aventurada virgem Maria; enquanto que adoração é um culto e uma homenagem exclusiva à Deus uno e Trino.
Nós, católicos, veneramos e “não adoramos” a vigem santíssima. Veneramos a bem-aventurada virgem Maria, por causa de sua santidade e exemplo de vida, sobretudo, a vida de contemplação e disponibilidade à vontade de Deus. Porquanto, Maria, antes de sua maternidade, foi a serva fiel e ouvinte da palavra de Deus.
Ela viveu em sua vida, a plenitude da palavra de Deus. Maria, no evangelho de Lucas, é chamada de “cheia de graça”. “Graça” é a vida de Deus em nós, que nos é dada de graça pelo próprio Deus.
Se a vida de Maria está cheia da graça de Deus, isso significa que nela não há nenhum espaço que não seja ocupado pela graça de Deus. Nela não há espaço para o pecado introduzido no mundo pelo demônio.
Ela é o tabernáculo puríssimo da presença de Deus e sacrário do Espírito Santo. Assim, Maria é a filha de Sião e arca incorruptível da nova aliança. A bíblia sagrada diz: “todas as gerações me chamarão bem-aventurada” (Lc 1,48).
Esta profecia da bem-aventurada Virgem Maria se realiza nas devoções marianas que acompanham todas as gerações. Desde o início do cristianismo até hoje, Maria foi venerada, reverenciada, amada e admirada pelos fiéis cristãos, como toda pura e santa. O mais antigo dogma Mariano e o mais fundamental diz que Maria é virgem e mãe de Deus.
É o dogma da maternidade Divina de Maria. (Concilio de Éfeso- 431). Em 1854, o Papa Pio IX, define oficialmente o dogma da Imaculada conceição, com a bula “Inefabillis Deus”.
Imaculada conceição de Maria significa que a virgem Maria foi preservada do pecado original desde o primeiro instante de sua existência. Na oração da coleta da missa na liturgia da solenidade da Imaculada conceição reza: “Ò Deus, pela Imaculada conceição da virgem Maria, preparastes para o vosso filho uma digna habitação e a preservaste de toda mancha de pecado em previsão da morte salvadora de, …É bom recordar que os quatros dogmas marianos: Maternidade Divina, Virgindade perpétua de Maria, Imaculada conceição e Assunção, brotaram das devoções populares. A Igreja oficializa aquilo que já está presente na alma do povo cristão.
O Jornal “A cruz” (órgão informativo, da arquidiocese no século Passado), registra a carta de D. José Antônio dos Reis, escrita em 1849, solicitando ao Papa Pio XI, a urgência na definição do dogma da Imaculada Conceição, considerando a piedosa devoção e veneração da Imaculada em Cuiabá e baixada cuiabana. A carta de D. José ao Papa Pio IX, termina com a seguinte expressão:
“Declaramos outrossim, com toda a convicção à vossa Santidade que o clero e o povo de Deus desta diocese é devotíssimo da Imaculada conceição. Quatro anos depois da proclamação do dogma da Imaculada conceição, a virgem apareceu a santa Bernadete de Soubirous, na França. Bernadete, ainda menina, pergunta timidamente aquela linda senhora: Senhora, quer ter a bondade de me dizer o seu nome?
Ela respondeu: “eu sou a Imaculada Conceição”. A Imaculada conceição é a aurora resplandecente que precede o sol da justiça, que é Jesus. A virgem Maria na bíblia sempre aponta para o seu amado filho: “Fazei tudo o que ele vos disser” ( Jo 4, 2).
Portanto, a Bem-aventurada virgem Maria pede nossa docilidade e obediência ao evangelho. O que conforta o coração da mãe é a proximidade com seu amado Filho.
Oh, Maria sem pecado original, rogai por nós que recorremos a vós!
DEUSDÉTI DE ALMEIDA é padre na Catedral Basílica do Senhor bom Jesus de Cuiabá.