Maior jogador da história do Barcelona, Lionel Messi decidiu ficar no clube catalão por mais um ano. O atacante argentino tinha uma cláusula em seu contrato que lhe permitia deixar a equipe sem a necessidade do pagamento de uma multa ao final desta temporada, mas o camisa 10 só poderia acioná-la até a última segunda-feira, dia 1º de junho. Em 2021, no entanto, o craque terá de renegociar com o Barça em meio a uma tensão política dentro clube, que pode selar sua saída do único time que defendeu como profissional.

O atual presidente, Josep Maria Bartomeu, é pivô de uma das mais graves crises internas do Barcelona e se tornou um desafeto de Messi nos últimos meses. Investigações flagraram em fevereiro deste ano um contrato do clube com a empresa I3 Ventures, responsável por criar perfis falsos nas redes sociais para criticar jogadores, possíveis adversários e lendas do Barcelona, favorecendo a chapa de Bartomeu, que não poderá concorrer por já ter cumprido dois mandatos.

Ainda em fevereiro, o diretor esportivo e ex-jogador do Barcelona, o francês Eric Abidal, revelou em entrevista ao jornal Sport que o técnico Ernesto Valverde foi demitido “porque muitos jogadores não estavam satisfeitos”. A declaração irritou Messi e o fez cobrar Abidal em suas redes sociais.

“Cada um tem de ser responsável por suas tarefas e responder por suas decisões. Os jogadores têm que cuidar do que acontece no campo. Além disso, somos os primeiros a reconhecer quando não estivemos bem. Os responsáveis pela diretoria esportiva também vem assumir suas responsabilidades sobre tudo o que fazem, e pelas decisões que tomam”, esbravejou o argentino, que pediu para o diretor nomear os atletas que estavam insatisfeitos.

Um outro capítulo da crise foi inaugurado em março de 2020, durante a pandemia, quando Messi veio a público divulgar o acordo pela redução de 70% dos salários dos jogadores, além de anunciar contribuições para os demais funcionários (que seguiram com a remuneração integral). A carta de Messi e dos jogadores também deu alfinetada na diretoria do Barça, que estaria questionando a disposição dos atletas na negociação.

“Antes de mais nada, queremos deixar claro que nossa vontade sempre foi reduzir nossos salários, porque entendemos que é uma situação excepcional e sempre somos os primeiros a ajudar o clube quando nos pedem. Inclusive, muitas vezes em que fazemos por iniciativa própria. Por isso, não deixamos de nos surpreender que dentro do clube houve quem tratou de nos colocar pressão sobre algo que tínhamos total noção que faríamos”, disse o argentino, pouco antes de o Barcelona anunciar a redução em suas redes sociais.

O episódio culminou na saída de quatro diretores e dois vice-presidentes do Barcelona em abril. Eles justificaram a saída em outra carta, na qual criticaram Bartomeu, alegando que foram informados do Barça-Gate (como ficou conhecido o contrato de difamação com a empresa I3) pela imprensa e pediram que ele convocasse as eleições de maneira antecipada, ainda em 2020. Emili Rousard, um dos vice-presidentes que deixou o Barcelona, chegou a dizer que “alguém está pondo as mãos no caixa do clube”, em um manifesto divulgado após sua saída.

A declaração foi criticada pelo Barcelona, que comunicou que iria processar Rousard e os outros dirigentes que assinaram o tal documento com críticas à direção do clube. “À luz das sérias e infundadas acusações feitas nesta manhã, o Barcelona nega categoricamente qualquer ação que possa ser descrita como corrupção e, portanto, reserva-se o direito de tomar as ações legais necessárias”, respondeu o time catalão.

Tudo indica que a efervecência política estará ainda pior durante o último ano de contrato de Messi. Em 2021, o argentino completará 34 anos de idade e terá de avaliar pela primeira vez a possibilidade de deixar o clube que o formou. (Veja)