A questão amazônica não é simples, e nem tão pequena. Atrás de um lindo e justo motivo se escondem milhares de interesses.
A floresta, que amamos e defendemos, é para muitos apenas a cortina que esconde magníficos espetáculos.
Nada mais racional, honesto e justo que defendermos uma floresta.
Nada mais racional, honesto e justo explorarmos uma floresta.
Porém, deixá-la de “guarda” de riquezas, que poderão garantir nosso desenvolvimento e o bem estar de nossa população, é uma hipocrisia.
Até nos governos passados fomos manipulados por interesses escusos sem reclamarmos ou nos defendermos.
Reservas indígenas estão avançando sobre pedaços de território e sacrificando a produção, sem trazer nada, absolutamente nada de benefícios aos índios. Reservas foram criadas desrespeitando a posse da terra.
Na década de 80 nós aqui na Amazônia discutíamos a elaboração de uma zoneamento agroambiental, na qual a área a ser desmatada obedeceria à vocação da terra. Teríamos a preservação regionalizada que nos permitiria preservar de 20 a 100% das áreas.
Não logramos êxito, não pela falta de lógica ou argumentos técnicos. Mas porque já havia dentro do governo pessoas “patrocinadas” por interesses internacionais.
O pior é que o avanço acabou ocorrendo em ponta contrária, diminuindo assim a área a ser explorada de 50 para 20%.
Seria crime explorar os antigos 50% em terras férteis? (pequeno percentual da Amazônia).
A grande área Amazônica é composta de terras que não se prestam ao cultivo.
Crime é permitir que lá também se derrube 20% porque assim está escrito em uma lei burra, lei esta pautada não em questão técnica, mas por outros interesses. Um dia este país reverá tamanha incoerência, disto eu não tenho dúvidas. Precisamos garantir nossa soberania apenas isso por hora.
A Amazônia que teve olhar atento e ferrenho dos militares deste país ficou por longos anos entregue à articulação de interesses internacionais.
Mais claro que o sol é o fato que a floresta serve apenas de pano de fundo.
Que nos períodos de seca existirão focos de fogo e nos chuvosos haverá alagamentos.
Aqui existem riquezas naturais proporcionais às que o ouro representava na idade em que os europeus exploraram o mundo. Falando-se nisso, vemos que hoje, ainda não mudou em nada as “boas intenções” do velho mundo de nos catequizar.
Lembrando da época de explorações que não foram senão saques descabidos e aviltantes contra povos mundo a fora. Cabe aqui uma pergunta.
Por que os europeus não se voltam para corrigirem o que fizeram na África?
Ou melhor, por que não se voltam ao que estão fazendo com refugiados entregues ao mar como animais sem direito aos cuidados dos ambientalistas preocupados com o “bem estar animal” tão em moda?
Por que a Amazônia?
Por que tem um povo dócil e facilmente manejado?
Por que tem um país que oferece relativa segurança?
Por que existem governantes corruptos e facilmente manipuláveis?
Porque ainda tem o que explorar mas de modo “legal” com aval dos próprios donos.
Sr.Mácron, vamos falar de África?
Lembraremos das duas dezenas de países, onde os franceses passaram como furacão, surrupiando não só suas riquezas naturais, mas destruindo culturas. Coisa de seus antepassados, que você não tem culpa? Sim, até pode ser justa sua posição.
Mas o que falar do hoje?
Por que não inflamar seu discurso em prol da correção dos erros do passado?
Por que não conclamar mídia e seguidores para encontrar soluções aos países em plena miséria, essas nações que correm risco não apenas de perder as florestas, mas a própria espécie humana?
Ainda que um conterrâneo seu tenha dito um dia que o Brasil seria muito grande para ser administrado por um brasileiro. Posso lhe afirmar que os tempos mudaram e hoje somos capazes de cuidar, administrar e preservar o que é nosso.
A Amazônia precisa de ajuda, mas nós brasileiros não fugiremos à luta.
A Amazônia que amamos, que nos dá suas riquezas e que lhes daremos o devido respeito, ela estará muito mais protegida em nossas mãos do que entregue à ganância de exploradores.
Ainda que o arauto Mácron tenha liderado a defesa de uma Amazônia já protegida, é incrível como a ignorância prolifera no velho continente.
Ignorância essa fruto da degradação de povos que se julgam arianos acima do bem e do mal.
Nosso Presidente não pode se expressar de um modo que não seja politicamente correto.
Um programa de TV na Alemanha pode discriminá-lo e desfazer dele fazendo chacota e colocando- o como se fosse um bandido?
Tenham dó, curem suas feridas, corrijam seus erros do passado e do presente.
De nossa parte continuaremos defendendo o que é nosso.
Preservando e produzindo sem interesses disfarçados mundo a fora.
Porque foi assim que nós nos formamos com europeus migrados, índios, africanos e mesmo povos de outros continentes. O sangue que corre em nossas veias não discrimina e não encontra lugar para ódios ou mesmo para nos julgar superiores. O desbravar sem guerras, o desenvolver sem armas, apenas obedecendo princípios, levantando cedo e suando a camisa.
Porque dentre tantos e tantos desafios climático e humanitários mundo a fora esse apego à Amazônia?
Por quê?
*PAULO BELINCANTA é presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso
CONTATO: www.facebook.com/Sindifrigo/