Correr o mapa rumo ao Equador nunca foi boa notícia para o Atlético-MG. Até hoje, nas três vezes em que viajou ao país e jogou na altitude, o Galo só lamentou derrotas. Jejum que pode ser contrabalanceado pelo bom desempenho recente como visitante e o retrospecto instável do Del Valle no próprio estádio. Tudo sobre a mesa nesta terça-feira, quando estará em disputa a liderança do grupo D da Libertadores.
Está será a quarta experiência do Atlético no Equador. A última foi contra o mesmo Del Valle. Há seis anos, em 2016, o Galo comandado por Diego Aguirre chegou para o jogo da 5ª rodada da fase de grupos da Libertadores invicto, mas teve uma de suas piores partidas naquele início de ano. Sofreu três gols no primeiro tempo, e acabou derrotado por 3 a 2 (Lucas Pratto e Junior Urso descontaram).
Antes daquele confronto, o Atlético havia viajado ao Equador pela última vez há quase 20 anos. Em 1997, o time atendeu a um convite para inaugurar o estádio Casa Blanca, em Quito, em um amistoso contra a LDU. Diante de um público estimado de 55 mil pessoas, o Galo chefiado por Antonio Lacerda (e que tinha Taffarel no gol) perdeu por 3 a 1 (Nilo fez o único gol alvinegro no jogo).
Já a estreia no Equador foi em 1992, pela extinta Copa Conmebol. Na semifinal, o Atlético teve pela frente o Club Deportivo El Nacional, 13 vezes campeão nacional, mas que hoje amarga a segunda divisão local. Na ida, em Quito, derrota por 1 a 0. Na volta, no Mineirão, melhor para o Galo, que venceu por 2 a 0, avançou à final e ficou com título em cima do Olímpia, do Paraguai.
Estádio Banco de Guayaquil, casa do Del Valle, tem capacidade para 22 mil pessoas — Foto: Ari Ferreira/Red Bull Bragantino
Para tentar reverter o histórico e conquistar a primeira vitória no Equador, o Galo se apega aos bons números como visitante em 2022. Com Turco Mohamed, o time perdeu apenas uma vez fora de Belo Horizonte (e no geral), e vem de seis vitórias seguidas. Se passar pelo Del Valle e conquistar a sétima, chegará a feito alcançado pela última vez há 10 anos.
Além disso, o torcedor atleticano pode se apegar ao desempenho ruim do Independiente Del Valle em jogos como mandante na temporada. Em seis partidas, o time venceu apenas duas vezes, e soma aproveitamento de 50% (duas vitórias, três empates e uma derrota).
Na Libertadores, o del Valle recebeu o Tolima na segunda rodada e só evitou a derrota no apagar das luzes. Os equatorianos saíram atrás por 2 a 0, mas jogaram com um a mais durante todo o segundo tempo e buscaram o empate aos 44 minutos, com dois gols de Junior Sornoza (ex-Fluminense e Corinthians).
Del Valle empatou com Tolima na Libertadores — Foto: Staff Images/Conmebol
Altitude é preocupação
Sempre que se fala em futebol em países como Equador, Bolívia, Peru e Colômbia, o tema altitude é pauta quase obrigatória. E contra o Del Valle, nesta terça, o Galo sentirá os efeitos do ar mais rarefeito, menos pressão atmosférica e, consequentemente, menos oxigênio circulando nos pulmões dos atletas.
Isso porque o time equatoriano manda seus jogos na cidade de Sangolquí, na região metropolitana da capital Quito, que fica 2.700 metros acima do nível do mar – os efeitos da altitude costumam ser mais sentidos a partir de 2.400 metros. Em termos de comparação, é o dobro da altitude enfrentada pelo Galo na estreia na competição contra o Tolima, na colombiana Ibagué (1,285 m).
Vista aérea de Sangolquí, cidade na região metropolitana de Quito, Equador — Foto: Reprodução/AllTheCities
Em 2007, a Fifa chegou a tentar proibir jogos internacionais acima de 2.500 metros de altitude. A regra, porém, sofreu com a forte rejeição da Conmebol (representando as federações da Bolívia, Equador, Peru e Colômbia) e foi rapidamente revogada. (GE)