Pelo menos 200 usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) deixaram de ser atendidos pela Unidade Básica do CPA-IV e UPA Morada do Ouro, nesta sexta-feira (13), por falta de médicos. Na unidade do CPA-IV não tinha nenhum médico pela manhã e, na UPA Morada do Ouro, apenas um profissional era responsável por atender exclusivamente casos de urgência e emergência.

A denúncia partiu da líder comunitária Wânia Amorim, que cumpriu uma via crucis desde antes das 6 horas, pela Unidade do CPA-IV e UPA Morada do Ouro, até finalmente conseguir ser atendida quase às 12 horas, na Policlínica do Planalto.

 

“Estou indignada com o sistema de saúde de Cuiabá. Desde antes de 6 horas, eu buscando atendimento. Primeiro, em posto de saúde do CPA-IV, onde não tinha médico, hoje. Depos, fui para UPA [Morada do Ouro], para consultar. E não tem um médico também…”, denunciou Wânia Amorim.

 

Depois, conseguiu atendimento na Policlínica do Planalto, após um giro de quase 11,5 quilômetros, entres idas e vindas. “Estou agora na Policlínica do Planalto. Lotado, nem sei como consegui ser atendida… É  uma falta de respeito com a população que paga seus impostos, desconta INSS. Sou pensionista, já tenho 60 anos, tenho a Pax [Nacional Prever], poderia ir mto consultar lá, mas eu pago  impostos e resolvi usar o SUS”, citou a líder comunitária, em mensagem à reportagem do Cuiabano News.

Wânia Amorim questiona a gestão da saúde pública municipal. “O que está acontecendo em Cuiabá, nas unidades de saúde, é inaceitável…!! Total falta de respeito! Os políticos que façam algo pelo povo”, cobrou ela, indignada.

“Se necessário, eu ainda posso ir em médico particular… E quem não pode???  Morre à “míngua”…??!?!?!?”, questinou ela, dizendo-se revoltada, com o que classifica como falta de respeito.

Previsão de caos

A reportagem tentou contato com a Secretária de Saúde de Cuiabá,  Suelen Danielen Alliend, mas não atendeu nem retornou às ligações.

Em release da Prefeitura de Cuiabá, publicado em 19 de abril, a   Secretaria Municipal de Saúde já se dizi “à beira de um colapso na sua rede assistencial devido ao número insuficiente de médicos para cobrir os plantões e os atendimentos ambulatoriais nas atenções Primária, Secundária e Terciária”.

No mesmo texto, a Secretaria Municipal de Saúde revelava que tal fato já tem sido percebido pela população, que diariamente recorre à imprensa para reclamar da falta de médicos nos postos de saúde, UPAs e Policlínicas.

 

Para substituir estes profissionais, a SMS realizou um processo seletivo simplificado em janeiro deste ano, onde apenas para médicos, disponibilizou 414 vagas imediatas, sendo 300 vagas para clínico geral e as demais distribuídas pelas diversas especialidades médicas.

“Passaram no processo seletivo apenas 88 médicos, sendo 75 clínicos gerais e 13 médicos especialistas. Destes 88 médicos classificados, assumiram os cargos apenas 50 clínicos gerais e 5 médicos especialistas. Contudo, dos 55 médicos que assumiram, 30 já faziam parte do quadro da SMS como contratados, e somente mudaram o vínculo para seletistas após o certame. Na prática, recebemos apenas 25 novos médicos na rede por meio do processo seletivo”, revelou a secretária Suelen Alliend.

 

Com esse déficit de médicos, fracasso no processo seletivo, impedimento de novas contratações temporárias e término de contrato dos profissionais, a quantidade de profissionais está diminuindo a cada dia. “Por falta de equipe médica, houve a necessidade de bloquear 10 leitos de UTI no Hospital Pronto Socorro Municipal de Cuiabá, o antigo PS. Nosso medo é ter demanda de pacientes para UTI e que não podermos utilizar estes leitos porque não temos profissionais para trabalhar, o que pode levar os pacientes ao óbito”, comentou Suelen.