A segunda cidade por mim visitada na excursão histórica pela Itália foi Pompeia, que tem suas origens tão antigas como Roma, com a diferença de ter permanecido oculta por aproximadamente 2.000 anos, coberta por pedras e lava do vulcão Vesúvio, que entrou em erupção em 79 d.C.
Foi uma experiência única caminhar pelas ruas de pedras, visitar prédios, arenas e palácios, que datam do século VIII a. C. Uma verdadeira viagem cultural anterior a Era Cristã. Nesse período de cerca de 600 anos, cada povo invasor imprimiu os próprios costumes e a própria arte na cidade. Por ser um local de passagem obrigatório entre o norte e o sul, entre o Mar Mediterrâneo e os ricos vales interiores, Pompeia tornou-se rapidamente um importante entroncamento viário e portuário e, portanto, presa ambicionada dos potentes estados vizinhos.
O primeiro a submeter Pompeia foi o Estado grego de Cuma. Já em plena expansão foi dominada pelos Etruscos (525 a 474 a.C.). Nos finais do século V a.C., foi conquistada pelos Samnitas expandindo o domínio pelos arredores do Monte Vesúvio. Em 310 a.C., os Samnitas foram derrotados pelos Romanos e assim Pompéia foi agregada ao novo Estado.
Tanto Pompeia, quanto Stabia, a sudeste de Nápoles e do vulcão, e Herculano, a oeste, tinham desaparecido. Somente em 1748 começaram as escavações que revelaram essas cidades romanas congeladas no tempo. Elas renasceram e ainda estão sendo resgatadas.
Muito do conhecimento atual sobre a vida dos antigos romanos decorre dessas escavações. A maioria dos achados destes locais foi levada para o Museo Archeológico Nazionale, em Nápoles, que se tornou um dos acervos arqueológicos mais fascinantes do mundo.
Toda a sua glória e seu passado misterioso fazem de Pompeia um dos sítios arqueológicos mais visitados do mundo. Obras-primas verdadeiras da época romana, com casas burguesas, termas, piso seixos (pedras arredondadas) e afrescos devidamente restaurados, as ruas e becos da antiga Pompéia são capazes de encantar cada visitante.
Ao adentrar em Pompeia, pude observar a imponência com que a cidade dominava toda a planície até o mar. A Porta Marina é a antiga porta por onde, hoje em dia, se inicia a caminhada pelas vias. A Villa Suburbana de Porta Marina é uma grandiosa e rica habitação da época romana, construída encostada à muralha que cerca toda a cidade. O Templo de Vênus encontra-se imediatamente à direita, logo após a Porta. Vênus é a deusa protetora de Pompeia. O Fórum era o centro da vida política, econômica e religiosa. De dimensões consideráveis em redor da grande praça destacamos o pórtico de robustas colunas dóricas de tufo-vulcânico que ainda se pode ver no lado sul.
Continuando a minha peregrinação, percebo uma impressionante organização. A cada esquina, uma surpresa espetacular. A Basílica é o edifício público mais importante e mais antigo da cidade, de arquitetura pré-romana. Era a sede de administração da justiça.
Os Edifícios Municipais encontram-se situados logo após a Basílica. São três grandes salas com nichos e ábsides (arco) ao fundo, e eram todas revestidas de mármores e ricas em estátuas. Ao centro era a Cúria (Conselho Municipal), à direita, Aediles (manutenção da cidade) e a esquerda, Dummviri (que governavam a cidade). A Assembleia surge diante da Basílica, e aí se realizavam as funções eleitorais.
São tantas construções épicas que não se pode resumir num artigo. Como não citar o Templo de Júpiter, ladeado por dois arcos de triunfo. O Templo de Apolo, o edifício religioso mais importante. O Arco de Calígula abre o sugestivo panorama da Via de Mercúrio que conduz até a maciça torre de Mercúrio, tendo ao fundo a visão do onipresente Vesúvio. As termas do Foro, em recintos separados para homens e mulheres. Cada local era devidamente aquecido com ar quente que, através de uma instalação central, circulava sob o pavimento e, onde fosse necessário, nas paredes duplas. Por último, passei pelo Anfiteatro, construído no ano em que Pompeia se tornou colônia romana, isto é, no ano 80 a. C., considerado o mais antigo anfiteatro que se conhece e podia receber 20.000 espectadores.
Pompeia oferece à história da humanidade um excepcional tesouro. Jardins adornados por fontes, estátuas, locais de repouso, construções arquitetônicas diversas, tavernas, padarias, mercados, domus, etc.
Estudar o passado da humanidade em seus vários aspectos – economia, sociedade, cultura, ideias e cotidiano – ajuda a ampliar a compreensão do comportamento humano.
Somos um povo que dá pouca importância ao estudo da história. Isso é lamentável. Espero que um dia a gente mude isso, valorize a história, a nossa e a de todos os povos. Somos fruto desse passado, queiramos ou não. Mas se não conhecemos a história, corremos o risco de reproduzir os erros do passado.
*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.
CONTATO: www.facebook.com/vicente.vuolo
Estudar o passado da humanidade em seus vários aspectos – economia, sociedade, cultura, ideias e cotidiano – ajuda a ampliar a compreensão do comportamento humano