Cinco policiais penais foram indiciados, nesta quarta-feira (23), pela fuga de 14 detentos da Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, em Água Boa, a 730 km de Cuiabá. O caso ocorreu em janeiro, durante a greve dos agentes. O inquérito policial foi encaminhado ao Ministério Público e ao Poder Judiciário de Mato Grosso.

Segundo a conclusão do inquérito da Polícia Civil de Mato Grosso, os policiais penais indiciados ocupavam cargos de direção, gestão, chefia e liderança. Por isso, a investigação apontou que eles tinham o dever legal de adotar providências para que evitassem a fuga em massa.

A polícia ainda ressalta que a ação ocorreu em um momento crítico do sistema penal, que passava por uma greve que começou no final de 2021 e perdurou por mais de um mês. Naquele momento, algumas unidades prisionais chegaram a recusar o recebimento de mais detentos, o que acirrou os ânimos do movimento, segundo as investigações.

Atualmente são mais de 2,8 mil servidores penais no estado, distribuídos em 46 unidades prisionais. À época, eles cobravam uma recomposição salarial referente aos últimos 10 anos e com previsão de equiparação salarial de forma gradativa.

Após várias idas e vindas em negociações, a categoria voltou ao trabalho normalmente.

Fuga

No dia 3 de janeiro, os detentos tomavam banho de sol, por volta das 14h, de acordo com registro da polícia penal, quando iniciaram um motim.

Segundo a Polícia Civil, os reeducandos começaram a bater na grade onde tomavam banho de sol e ameaçaram os servidores. Os agentes ordenaram que eles se recolhessem, mas ninguém acatou a ordem. Por isso, a polícia fez uso da força moderada para controlar o motim.

Na confusão, um dos detentos foi atingido por uma bala de borracha na perna e, em seguida, foi levado ao Hospital Regional do município.

Imagem dos fugitivos divulgada pela Sesp — Foto: Sesp MT

Imagem dos fugitivos divulgada pela Sesp — Foto: Sesp MT

Em meio a isso, ao menos 14 detentos aproveitaram o momento para dar início à fuga por um túnel subterrâneo que vinha sendo cavado em uma cela identificada como raio azul ala 1, perto da saída do banho de sol para a galeria, próxima da área da muralha da penitenciária, de acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp).

A suspeita era de que eles fugiram por uma região de mata no entorno do presídio com acesso à BR-158. Eles eram considerados de alta periculosidade, de acordo com a Sesp, e foram presos dias depois, após uma operação integrada entre as forças de segurança do estado. Um deles morreu durante confronto com a Polícia Militar de Mato Grosso.