Moradores da comunidade Altos do Ubirajara, em Cuiabá, foram surpreendidos na madrugada desta terça-feira (19) com máquinas e viaturas policiais dispostas à desocupação da área. O local fica atrás de um hipermercado na Estrada de Chapada. Por lá, vivem 159 famílias formadas por crianças adultos e idosos.

A determinação de execução do mandado de desocupação (ação de despejo), partiu da juíza Vandymara G. R. Paiva Zanolo, da 4ª Vara Cível da Comarca de Cuiabá.

Aparecida de Jesus, que mora no local há cerca de um ano, conta que precisou ligar para a filha que ainda estava dormindo durante a chegada da PM. Ela conta que não tem para onde levar a família.

“Foi entrando um monte de carro de polícia. Aí eu liguei para minha filha, que estava até dormindo e não estava sabendo do que estava acontecendo, eu falei pra levantar rápido”, conta Aparecida.

“Como vocês estão vendo a minha casa é metade de lona, metade de madeira. Para estar aqui, cada morador teve que suar, carpir, rastelar, a gente não quer nada, não quer ajuda de nada, a gente só quer ficar aqui porque nós investimos, você pode achar que é uma madeira velha, mas se você for no material de construção ver o preço dela. Isso é muito triste, revoltante, porque se tirar nós aqui eu não tenho para onde ir”, explicou Monique Ângela mora no local com o esposo e o filho de três filhos.

O terreno pertence à União, segundo o deputado estadual Wilson Santos (PSD) que está no local. Ele disse que a ordem judicial manda que as famílias sejam removidas para locais seguros, o que segundo moradores não está acontecendo. Muitos moradores saíram para buscar abrigo na casa de amigos e familiares, mas a imensa maioria permanece no loca.

Ele garantiu que a Polícia Militar está cumprindo ordem, mas disse que se houver violência e descumprimento do que diz o mandado irá tomar providências.

“Estou com a ordem de despejo e ela é clara: pra tirar vocês daqui tem que garantir um local seguro pra vocês. A PM está cumprindo ordem, só não podo praticar violência,. Não temos problema com a polícia, mas se praticaram violência vamos filmar e tomar todas as providências”, disse.

“Temos dois caminhos: sairmos todos pacificamente ou resistirmos aqui dentro e não aceitarmos sair. Isso tem que ser feito de forma organizada. Vou ao TJ, vou ao governador para tentar encontrar uma solução negociada agora. Inclusive a ocupação da escola municipal até que tudo se resolva. vamos buscar uma solução pacífica”, completou.

O deputado continua no local tentando uma solução pacífica. Ele já entrou em contato com o TJ e com o governo.