A Polícia Civil de Mato Grosso concluiu o inquérito contra o vereador Márcio Túlio (PSDB), presidente da Câmara de Nova Nazaré, a 803 quilômetros de Cuiabá,   que há 12 anos vinha usando identidade falsa e era foragido do Poder Judiciário de Rondônia. O vereador foi indiciado por falsidade ideológica, uso de documento falso, falsa identidade e posse irregular de arma de fogo.

O delegado Valmon Pereira da Silva, da Polícia Civil de Mato Grosso, que investigou o caso, protocolizou o inquérito no Fórum de Água Boa, a 739 quilômetros de Cuiabá.  Segundo ele, as investigações contam com mais de 300 páginas.

O indiciamento se refere somente aos crimes registrados em Nova Nazaré e não inclui outros crimes de homicídio que o vereador é acusado, em Ariquemes, no Estado de Rondônia.

O delegado informou que também vai enviar uma cópia do inquérito à Polícia Federal, já que o acusado conseguiu obter registro de arma de fogo em nome do primo falecido, Márcio Tulio. Ele usava o documento do parente há 12 anos e, na verdade, o vereador se chama Valdoir Bento Tavares.

Outra cópia do inquérito também foi encaminhada à Polícia Civil de Goiás, onde o acusado conseguiu tirar uma Carteira Nacional de Habilitação (CNH) com os documentos falsos.

Além disso, o delegado informou que o Ministério Público Eleitoral (MPE) solicitou uma cópia do inquérito para investigar um possível crime eleitoral.

Valdoir foi preso no dia 7 deste mês e continua preso preventivamente, tanto pelos crimes dos quais é acusado em Mato Grosso e também em Rondônia.

Prisão

O vereador é suspeito de um duplo homicídio por causa de uma vaga de estacionamento no réveillon, ocorrido em janeiro de 2007, em Ariquemes (RO). Valdoir havia um mandado de prisão contra ele expedido pela Justiça de Rondônia.

O delegado afirmou ter obtido na Comarca de Ariquemes a informação de que tramitava uma ação penal em que o vereador e o irmão dele respondiam por duplo homicídio e um homicídio tentado, no município, e que eram considerados foragidos.

Ele foi autuado por falsidade ideológica e posse ilegal de arma de fogo.

O caso se assemelhava às investigações do vereador, além de terem conseguido informações sobre as identidades verdadeiras dele e do irmão.

Em uma checagem da Perícia Oficial e Identificação Técnica (Politec), a polícia confirmou que um homem preso em Aruanã (GO) era irmão do parlamentar e que se tratava de um dos foragidos pelos homicídios em Rondônia, segundo o delegado.

A polícia de Rondônia não possuía as impressões digitais do vereador no banco de dados, mas uma checagem através da carteira de trabalho do investigado confirmou que ele era o outro foragido.

Os suspeitos tinham armas de fogo que foram adquiridas por meio da nova identidade que eles utilizavam.

Além do duplo homicídio, o presidente da Câmara responde por diversos outros crimes, como ameaça, furto de gado, apropriação indébita e direção perigosa.

O duplo homicídio

Consta no processo que tramita em Rondônia que Valdoir e o irmão dele, Valteir Bento Tavares, se envolveram em uma briga com outros dois homens na madrugada do dia 1º de janeiro de 2007, por causa de vaga de estacionamento, próximo a uma casa noturna.

Éder da Silva Martins e Edeilson Moura dos Santos foram assassinados a tiros. Outra pessoa que estava com as vítimas também foi baleada, mas sobreviveu porque conseguiu fugir.

Afastamento

No dia 12 de março, o Ministério Público Eleitoral (MPE) o afastamento, por 90 dias, de Valdoir. De acordo com o MPE, mesmo após ter assumido a identidade falsa, o parlamentar continuou cometendo crimes.

Existem ainda, conforme o MPE, fortes indícios de que o vereador também tenha praticado o crime eleitoral, falsificando documento público para fins eleitorais.