O ex-árbitro Alício Pena Júnior, de 53 anos, terá pouco tempo para fazer mudanças na Comissão de Arbitragem da CBF – ele assumiu a presidência interinamente nesta sexta-feira, após a demissão de Leonardo Gaciba. A intenção do presidente interino da CBF, Ednaldo Rodrigues, é fazer uma reformulação completa do departamento para o ano que vem.

Apesar disso, Alício é visto internamente como o nome certo para esse momento de transição – por ter sido árbitro Fifa entre 2003 e 2009 e por ter longa trajetória como instrutor de arbitragem. O mineiro de Araguari também é avaliado como discreto e respeitoso pelos árbitros que estão na ativa.

Na avaliação de Sálvio Spínola, comentarista de arbitragem da Globo, Alício é um “ótimo instrutor”, mas também alguém cuja visão “tira a liberdade do árbitro de interpretar” cada lance. Por exemplo:

– Alício gosta de impor a obrigação de cumprir a instrução. Em lances de braço no rosto do adversário ou de pisão no pé, ele considera que é cartão vermelho. É um estilo que transforma arbitragem em matéria exata e de menos interpretação.

Ameaça para o Bom Senso FC

Alício Pena Júnior foi protagonista de um momento polêmico em 2013, quando os jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro estavam iniciando o movimento Bom Senso FC, que pedia mudanças na estrutura do futebol brasileiro.

Num jogo entre São Paulo e Flamengo, o então árbitro advertiu todos os jogadores em campo que iria puni-los com cartão amarelo caso cruzassem os braços e/ou retardassem o início da partida – como os atletas vinham fazendo.

Diante do que consideraram uma ameaça, jogadores dos dois times resolveram fazer diferente: deram início ao jogo e ficaram tocando a bola sem nenhuma intenção de construir jogadas, só para fazer o tempo passar. Depois de um minuto, os capitães Rogério Ceni e Léo Moura “autorizaram” o início do jogo para valer.

Alicio Pena e Rogério Ceni São Paulo e Flamengo — Foto: Ale Vianna / Agência estado

Alicio Pena e Rogério Ceni São Paulo e Flamengo — Foto: Ale Vianna / Agência estado

Polêmicas com o Atlético-MG e Corinthians

Alício Pena Júnior deixou de apitar em 2013, mas passou os últimos quatro anos da carreira sem apitar clássicos mineiros. Em 2009, sua atuação num jogo entre Cruzeiro e Atlético-MG levou o então presidente do Galo, Alexandre Kalil, a chamá-lo de “ladrão”. O árbitro deixou de dar um possível pênalti e de expulsar o zagueiro Léo Fortunado em lance com o lateral Carlos Alberto.

– Essa quadrilha que está montada na Federação Mineira tem que ser desmontada – declarou o então dirigente, hoje prefeito de Belo Horizonte.

Alício Pena Júnior também foi muito criticado pela torcida do Corinthians por sua atuação na final da Copa do Brasil em 2008, que sagrou o Sport campeão. Dirigentes e o então técnico do Timão, Mano Menezes, não economizaram nas críticas ao árbitro sobre um suposto pênalti não marcado em Acosto já nos minutos finais. (Globo Esporte)