Juliana* por pouco não perdeu a vida na pandemia. E não foi para o vírus que matou tantas pessoas ao redor do mundo. No dia 29 de julho de 2020, ela estava em casa, na Região dos Lagos, quando seu companheiro, por não concordar com o término do relacionamento, tentou matá-la com golpes de ferro na cabeça e no corpo. Pensando que ela havia morrido, fugiu para não ser preso em flagrante.
No entanto, a vítima foi encontrada muito ferida e caída no chão pela sogra, que acionou os policiais. Juliana* foi socorrida, atendida em um hospital e, felizmente, sobreviveu. O agressor foi condenado a 12 anos e cinco meses de prisão pela tentativa de feminicídio.
Infelizmente, este não foi o caso de outras 62 mulheres que morreram vítimas de feminicídio, cujos processos foram recebidos de janeiro a outubro deste ano pela Justiça do Rio, segundo dados do Observatório Judicial da Violência contra a Mulher. Atualmente, há 117.650 processos de violência doméstica em andamento no estado, segundo registro de outubro.
Entre os crimes mais cometidos estão a ameaça, tipo de violência psicológica, como primeiro lugar no ranking de violência doméstica, com 3.343 ações. Em seguida, vem a lesão corporal, uma violência física, com 941 ações, seguida de injúria, tipo de violência moral, com 510 processos. De janeiro a outubro, a Justiça do Rio recebeu 45.053 novas ações no segmento de violência contra a mulher.
No período, foram deferidas ainda 28.908 medidas protetivas, realizadas 20.773 audiências de instrução e 1.840 audiências preliminares, além de proferidas 68.116 sentenças.
*O nome foi alterado para preservar a identidade da vítima