Em seu antológico livro, “A Revolução Invisível” (1975), Peter Drucker, o maior guru da administração moderna, demonstrou que o fantástico crescimento do capitalismo nos Estados Unidos tomou propulsão a partir de um grande movimento de modernização, simplificação e popularização do mercado de ações americano. Drucker chamou de “verdadeira revolução socialista” o estímulo dado aos cidadãos comuns, jovens, donas de casa, trabalhadores, ruralistas para se tornarem donos das gigantes empresas americanas por meio da compra de suas ações na bolsa de valores.

Levantar recursos para expansão dos negócios através da abertura de capital e lançamento de ações é a forma mais engenhosa e barata que o capitalismo já criou para crescer.

Leia Também:
– Economia exportadora…

– Guerra comercial beneficia Mato Grosso

– Perspectivas econômicas 2025

– Vivaldo Lopes afirma que reforma tributária vai melhorar muito a vida dos empreendedores

– Governo “quebra o termômetro ao invés de resolver a febre”, avalia Vivaldo Lopes

– As dores do crescimento

– Capital humano

– Nova matriz econômica

– Queda na produção agrícola

– Trapalhada corporativa

– Crescimento continuado

– Impactos econômicos e sociais

– Ambiente de negócios em Mato Grosso

– A agropecuária impulsiona a industrialização

– Macrotendências de Mato Grosso

– Gestão fiscal dos municípios

– A economia de Mato Grosso em 2024

– Expectativas econômicas

– Pouso suave dos juros

– A década dourada

– Inflação e crescimento econômico

– As novas regras fiscais

– Mato Grosso e a China  

– Queda na arrecadação do ICMS

– MT vai crescer mais que o país em 2023 mesmo com queda na arrecadação do ICMS

– Sustentabilidade econômica e ambiental

– Mato Grosso competitivo

– Ciclo Industrial de Mato Grosso

– Crescimento econômico e Agenda Social

– Recuperação econômica mundial

– Novo ICMS e redução de danos

– A montanha vai parir um rato

– Governo “quebra o termômetro ao invés de resolver a febre”, avalia Vivaldo Lopes

– Medidas para reduzir a conta de luz

– Tentativa de suspender aumento da energia é “Frankenstein jurídico e econômico”, diz economista Vivaldo Lopes 

– Alimentos e combustíveis devem continuar a subir em 2022, avalia economista

– A guerra econômica!

– Descolamento econômico pantaneiro

– A assombração chamada inflação

– Cenário econômico 2022

– Crescimento  das receitas dos estados

– A década de ouro

– Perspectivas econômicas para 2022

– Inflação e crescimento em 2022

– Novas Ferrovias

– Desafios econômicos de 2022

– Mato Grosso quer crescer!

– Pandemia e economia

 Retração econômica e inflação

– O estrago econômico da Covid-1

– A Petrobrás é nossa?

– Condições para o crescimento

– Cerrado no Nobel da Paz

– Esperando Godot

Algodão é um dos principais produtos da pauta de exportações do agronegócio. (Foto: Mayke Toscano / Secom-MT)

Guardadas as devidas proporções das economias brasileira e americana e considerados seus novos contextos históricos, dois fenômenos surgidos no Brasil realizam uma verdadeira revolução silenciosa e promovem a maior inclusão de cidadãos de baixa renda no sistema financeiro brasileiro em toda nossa histórica econômica. Trata-se do surgimento das startups financeiras, as fintechs, e a implantação do Pix, sistema instantâneo e gratuito de pagamentos criado pelo Banco Central do Brasil.

“Apesar de contemplar todas as classes sociais, a maior adesão às fintechs e ao pix é de pessoas mais pobres. Mais de 80% dos usuários do pix possuem renda mensal inferior a 5 mil reais, confirmando que a inclusão bancária é também inclusão social.”
Antes do surgimento do Pix, as empresas de tecnologia voltadas aos serviços financeiros, os bancos digitais, já haviam aumentado exponencialmente a quantidade de pessoas que abriram suas primeiras contas em um banco. As motivações foram a simplificação, baixa exigência de comprovação de renda e facilidade para acessar todos os serviços bancários sem a necessidade de ir a uma agência física, utilizando apenas o smartphone.

A pandemia ajudou a acelerar ainda mais a utilização dos bancos digitais. A Caixa Econômica Federal contribuiu ao criar seu próprio banco digital para pagamento dos benefícios dos programas sociais e o auxílio emergencial, criado para ajudar as famílias a mitigar os danos financeiros causados pela covid-19. As pessoas em casa, sem poder se locomover para receber o auxílio emergencial, efetuar pagamento de suas contas domésticas e comerciais viram nas fintechs uma boa alternativa.

Em novembro de 2020 o Banco Central do Brasil implantou o Pix. Digital, instantâneo, gratuito, de utilização muito fácil e com adesão imediata de todas as instituições financeiras nacionais e plataformas de pagamentos. Foi o casamento perfeito para popularizar imediatamente a nova modalidade de pagamento, atraindo a adesão de pessoas, microempreendedores, pequenas, médias e grandes empresas. Como consequência, cresceu a inclusão financeira em velocidade jamais vista, mesmo em países que implantaram com sucesso sistemas de pagamento idênticos.

À guisa de exemplo, o Nubank, pioneiro entre os bancos digitais, tem mais de 100 milhões de clientes no Brasil, superando grandes bancos tradicionais como Itaú, Banco do Brasil, Bradesco e Caixa Econômica Federal. Atualmente, 1.476 fintechs operam legalmente no país.

O Pix, que surgiu em pleno turbilhão da pandemia, turbinou a bancarização iniciada com as fintechs alguns anos antes. De 2015 a 2024, 60 milhões de brasileiros entraram para o sistema financeiro nacional por meio das fintechs e do Pix. Esse enorme contingente de pessoas equivale a quase metade de toda a força de trabalho do Brasil, estimada pelo IBGE em 111 milhões de pessoas.

As pessoas e microempreendedores, que não eram bancarizados, aderiram às fintechs e ao Pix para solução de seus problemas cotidianos como pagamentos de contas, transferências, recebimentos, transações comerciais. O Pix já se tornou a principal forma de pagamento do país. Mais de 150 milhões de pessoas utilizam diariamente o sistema instantâneo e as adesões continuam crescendo. As transações diárias chegaram a 250 milhões em janeiro, reduzindo as transações em dinheiro, cartões de crédito e débito e outros tipos de transferências bancárias como a TED.

Apesar de contemplar todas as classes sociais, a maior adesão às fintechs e ao pix é de pessoas mais pobres. Mais de 80% dos usuários do pix possuem renda mensal inferior a 5 mil reais, confirmando que a inclusão bancária é também inclusão social.

É irreversível a trajetória de digitalização do sistema bancário nacional. Tanto por parte dos bancos tradicionais, como pelo aumento da participação das fintechs no competitivo mercado financeiro doméstico.

O aumento da bancarização da população, a intensiva utilização do Pix e expansão da concorrência entre as instituições financeiras e plataformas de pagamentos vão proporcionar ganhos aos clientes com possível queda das tarifas financeiras cobradas pelos bancos dos correntistas.

*VIVALDO LOPES DIAS   é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em  MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP. Autor do livro “Mato Grosso, Território de Oportunidades”.  

E-MAIL:                        vivaldo@uol.com.br

CONTATO:                  www.facebook.com/vivaldolopes  

Vivaldo Lopes Dias é economista, professor universitário e palestrante. (Fotos: Luiz Antônio Alves / Secom-Cbá)