Pesquisadores em Mato Grosso, apoiados por edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado (Fapemat), estudam as propriedades medicinais do óleo da castanha do Baru como suplemento medicinal em atenuar algumas modalidades da doença de Alzheimer. A castanha do Baru é rica em ácidos graxos insaturados, o ácido oleico (ômega-9), ácido linoleico (ômega-6), e ácidos saturados como o ácido palmítico e esteárico, que são benéficos à saúde cardiovascular, cerebral e metabólica.

O baruzeiro (Dipteryx alata), é uma árvore do Cerrado brasileiro, e seu fruto é considerado um alimento funcional e tem ganhado destaque na gastronomia, nutrição e na indústria cosmética, por seu sabor e propriedades nutricionais e medicinais, com alta concentração de zinco, ferro, magnésio, fósforo e vitamina E, que tem ação antioxidante, podendo ajudar no controle do colesterol, fortalecendo o sistema imunológico e combate aos radicais livres. O baru é muito consumido por populações indígenas, daí seu nome de origem indígena e significa “alimento que alegra”.

O Alzheimer acomete o cérebro, sofrendo uma degeneração progressiva dos neurônios, principalmente nas áreas responsáveis pela memória e raciocínio, causando encolhimento do cérebro (atrofia cerebral) e como causa a perda de funções cognitivas.

Estudando o fruto, o pesquisador, professor doutor Samuel Vandresen Filho, e sua equipe da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), concluiu: “em testes laboratoriais com animais, testamos o óleo da castanha do baru em alguns dos principais marcadores da doença, como os déficits cognitivos causados pela infusão de peptídeo beta-amiloide, que causa  inflamação  e estresse oxidativo. Aplicando duas doses em um período de 45 dias, o óleo conseguiu proteger o déficit cognitivo em dois testes de memória: o de reconhecimento de objetos (um teste de memória declarativa em roedores), e o labirinto aquático de Morris, que avalia a memória espacial, aprendizado e função do hipocampo”.

Todas as doenças neurodegenerativas, assim como o Alzheimer tem um processo inflamatório associado. Na doença de Alzheimer, ocorre aumento da COX 2(Ciclooxigenase-2), que é uma enzima inflamatória que transforma ácido araquidônico em prostaglandinas, substâncias que provocam dor, febre e inflamação, e da iNOS (Óxido Nítrico Sintase Induzível), uma enzima que produz óxido nítrico (NO), uma molécula sinalizadora que, em excesso, torna-se tóxica para os neurônios.

Nos testes, o tratamento com óleo do baru teve um efeito protetor no cérebro preservando o Fator Neurotrófico Derivado do Cérebro (BNDF), uma proteína neurotrófica produzida naturalmente no cérebro, essencial para a sobrevivência dos neurônios, a formação de novas conexões sinápticas, a plasticidade cerebral e o desenvolvimento e manutenção do sistema nervoso.

“Com isso pode se dizer que o uso do óleo da castanha do baru pode ser um grande aliado como suplementação no combate à doença, fornecendo substâncias com efeitos benéficos à saúde, podendo auxiliar no tratamento de Alzheimer”, enfatizou Vandresen.

O projeto de pesquisa faz parte do Edital FAPEMAT/CNPq 001/2022 Programa de Apoio à Fixação de Jovens Doutores no Brasil, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso (Fapemat), intitulado, “Estudo do Efeito Neuroprotetor do Óleo de Baru (Dipteryx alata) em modelo da Doença de Alzheimer em camundongos”, contribuindo com a formação de recursos humanos com a formação de doutores no Estado.