São desafiadoras as expectativas econômicas para 2025 no panorama internacional.
Teremos aos menos três possíveis tsunamis com o retorno de Donald Trump à Presidência dos Estados Unidos.
Nas relações comerciais, promete sobretaxar os produtos da China e da União Europeia, para “resgatar” a competitividade da indústria de seu país.
A segunda grande onda virá da redução da tributação sobre as empresas, pessoas e expansão dos investimentos governamentais em infraestrutura.
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Outra medida de alto impacto será a implementação da xenófoba política anti-migrantes, umas das principais bandeiras políticas de sua campanha à presidência.
Todas essas medidas são inflacionárias.
A sobretaxação dos produtos europeus e chineses, serão respondidas com retaliações comerciais pelos países da União Europeia e pela China. Como os EUA são grandes consumidores e vendedores dos mercados europeu e asiático, os preços de produtos importados subirão para os consumidores americanos, e aumentarão os custos de produção da indústria americana, pressionando os preços internos.
A redução drástica da tributação sobre empresas e pessoas vai gerar déficits fiscais que pressionarão a inflação, forçando o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, a aumentar a taxa de juros. Isso vai atrair mais capitais para o mercado americano e valorizar o dólar frente às moedas das economias do mundo inteiro.
A expulsão em massa de imigrantes também é inflacionária. Vai onerar o custo da mão de obra de baixa qualificação naquele país.
Além dos estragos de Trump sobre a pauta econômica mundial, a China começa 2025 em ritmo de desaceleração. Tem previsão de crescer 4%, o que é baixo para os padrões históricos daquele país.
Os países europeus sofrem turbulências políticas com as oposições ganhando terreno sobre os governantes atuais. E ainda enfrentar os arroubos imperiais de Putin em seu quintal e tendo de manter a custosa e perigosa guerra da invasão da Rússia sobre a Ucrânia.
No Brasil, a tendência é de manutenção dos bons números da economia com redução de crescimento e permanência das incertezas sobre o real propósito da administração federal de reduzir gastos públicos. O PIB crescerá 2,5%, a taxa de desemprego ficará abaixo de 6% e a inflação próxima de 5%.
O fator que mais dificultará o desempenho econômico é a visão de agentes econômicos e economistas que as medidas do plano de austeridade desenhado pela equipe econômica e aprovado pelo congresso nacional são insuficientes para zerar o déficit fiscal até 2026 e conter a trajetória de aumento do endividamento público. Essas incertezas, a desvalorização do real frente ao dólar e o persistente aumento do consumo das famílias pressionam a inflação, levando o Banco Central a aumentar a taxa básica de juros a 14,25% até março.
A elevação da taxa de juros torna o crédito mais caro, freia a economia, reduz a compra de bens e serviços e inibe os investimentos privados para expansão dos negócios.
A boa safra que será colhida e comercializada em 2025 deve contribuir para a redução dos preços dos alimentos, dando um refresco na inflação.
Outra variável que poderia melhorar o ambiente econômico seria o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, entregar ao congresso nacional a outra parte da reforma tributária, modernizando a tributação da renda e do patrimônio. Assim como a tributação sobre o consumo, já aprovada e regulamentada, o país espera, há quarenta anos a correção de injustiças da atual legislação sobre renda e patrimônio.
A economia de Mato Grosso deve manter o ritmo acelerado de crescimento das últimas décadas. A safra agrícola de 2025 será de aproximadamente 100 milhões de toneladas. O Instituto Mato-grossense de Economia Agrícola (IMEA) estima crescimento da produção de soja em 13% em relação à safra de 2024. A colheita de milho deve ficar no mesmo patamar de 2024, 45 milhões de toneladas.
Além da boa safra de grãos, a pecuária retomou força com a recuperação dos preços da carne bovina e aumento das exportações pelas plantas frigoríficas locais. A expansão da indústria do etanol de milho e a inauguração de uma fábrica de processamento de caroço de algodão em Nova Mutum contribuem para o bom desempenho do PIB estadual no próximo ano.
A taxa de desemprego em 2% e aumento real da renda do trabalho expandiram de forma expressiva o consumo das famílias mato-grossenses em 2024, fato que deve se repetir em 2025. Segundo dados divulgados por entidades representativas do comércio, as vendas do Natal/2024 tiveram forte crescimento e foram as melhores dos últimos dez anos.
Resumo do samba enredo: em 2025, no Brasil e no mundo, o cenário é desafiador mas não desesperador. E a economia de Mato Grosso continuará sendo um mar de oportunidades, crescendo acima do PIB do país.
*VIVALDO LOPES DIAS é professor e economista formado pela UFMT, onde lecionou na Faculdade de Economia. É pós-graduado em MBA Gestão Financeira Empresarial-FIA/USP. Autor do livro “Mato Grosso, Território de Oportunidades”.
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