Investigações arqueológicas, que duraram cerca de dois anos, encontraram pegadas de 4 mil anos feitas por pessoas e animais fugindo de uma erupção do vulcão Monte Vesúvio perto de Pompeia. O evento ocorreu milhares de anos antes da famosa erupção em 79 d.C., sugerindo que a área de Nápoles têm lidado com catástrofes vulcânicas por milênios.

Pegadas da Idade do Bronze — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Pegadas da Idade do Bronze — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

A descoberta foi divulgada no dia 14 de janeiro em uma postagem no Facebook pela Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem de Salerno e Avellino. “Entre as descobertas mais significativas estão pegadas da Idade do Bronze, tanto humanas quanto de animais, encontradas próximas ao riacho Casarzano”, destaca a publicação.

Indícios de cabana encontrados durante as escavações — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Indícios de cabana encontrados durante as escavações — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

As marcas, segundo a autoridade, “oferecem um testemunho emocionante da fuga desesperada dos habitantes diante da fúria do vulcão”. Porém, a área continuou a ser habitada nos séculos seguintes: entre o final da Idade do Bronze e o início da Idade do Ferro, um vilarejo com cabanas se estendia pelo local.

De acordo com o site Live Science, as pegadas foram localizadas durante a construção de um oleoduto em uma área a sudeste de Pompeia, mais precisamente, em Casarzano, perto da cidade de Nocera Inferiore. As marcas datam da Idade do Bronze Inicial (2300 a 1700 a.C.).

Pegadas de 4 mil anos descobertas pelos arqueólogos — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Pegadas de 4 mil anos descobertas pelos arqueólogos — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

Outros achados

A Superintendência de Arqueologia informou que um santuário extraurbano, datado preliminarmente entre os séculos 3 e 2 a.C., foi parcialmente descoberto nas proximidades de Nuceria Alfaterna, ao longo de uma importante via. Foram achados também vários artefatos, entre eles, pequenas cerâmicas miniaturizadas, que provavelmente serviram de oferendas.

Os arqueólogos encontraram ainda os restos de dois complexos monumentais — possivelmente vilas rústicas dedicadas à produção agrícola. No lugar havia sinais de arado e de cultivo intensivo dos campos.

Cerâmicas encontradas pelos pesquisadores perto de Pompeia — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Cerâmicas encontradas pelos pesquisadores perto de Pompeia — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

Além disso, os especialistas reconstruíram a antiga rede viária que conectava Nuceria ao território vizinho. Mais de 40 estradas foram analisadas, sendo algumas de terra compactada, e outras mais estruturadas e frequentemente marcadas pelos sulcos deixados por carroças.

Outra descoberta foi um grupo de sepulturas que pertencia, em sua maioria, a crianças, acompanhadas de enxovais funerários simples. Também havia enterros ocupando os espaços de uma das vilas rústicas romanas, demonstrando como antigas edificações foram reutilizadas para novas funções.

Sepulturas com restos romanos encontradas perto de Pompeia — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Sepulturas com restos romanos encontradas perto de Pompeia — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

“Nesta área, observa-se a coexistência de ritos cristãos e pagãos, evidenciada por um monumento sepulcral com sarcófago, possivelmente pertencente a uma pessoa de alto status”, conta a Superintendência de Arqueologia, Belas Artes e Paisagem de Salerno e Avellino. “Aos seus pés, uma pequena estrutura subterrânea pode ter sido um Martyrium, um local de culto dedicado a mártires.”

O território continuou sendo ocupado na Antiguidade Tardia – período das chamadas “longhouses”, grandes cabanas que, em forma e técnica construtiva, lembram as habitações pré-históricas. Essa retomada aos modelos de moradia do passado foi provavelmente motivado por mudanças socioeconômicas e mostra a capacidade de adaptação das comunidades antigas.

Santuário encontrado durante as escavações — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook
Santuário encontrado durante as escavações — Foto: Soprintendenza Archeologia Belle Arti e Paesaggio di Salerno e Avellino/Facebook

(Por Vanessa Centamori)