A era do romantismo começou no Flamengo. Paulo Sousa iniciou para valer os trabalhos no clube nesta segunda-feira, com a reapresentação do elenco profissional, e deu sua primeira entrevista coletiva no Ninho do Urubu. Marcada por simpatia, carisma e declarações consistentes, o português reafirmou a alegria de trabalhar no que chama de “maior clube do mundo”.

– É uma oportunidade que nem sempre aparece na vida de um treinador, comandar um clube da grandeza do Flamengo e poder liderar esse processo com os funcionários e alma da nossa torcida.

“Quero ver a equipe bem conectada com a torcida na vitória, na energia, e para nos sentirmos mais unidos do que nunca. Agradeço o carinho manifestado de várias formas”

Sem reforços, mas praticamente com todo elenco à disposição, Paulo Sousa já comandou atividades nesta segunda-feira. Rodrigo Caio, que está internado para tratar de uma bactéria no joelho, e Matheuzinho, que testou positivo para Covid são as ausências.

Entrevista coletiva de apresentação de Paulo Sousa — Foto: Reprodução

Entrevista coletiva de apresentação de Paulo Sousa — Foto: Reprodução

Paulo Sousa chega ao Flamengo com seis profissionais de comissão técnica: dois auxiliares de campo, dois preparadores físicos, um analista de desempenho e um preparador de goleiros. A programação semanal inclui apenas atividade em período integral nesta segunda-feira e treinos pela manhã, às 8h, no decorrer da semana.

– Estamos confiantes nos resultados que vamos ter a partir de agora. Quando conseguimos que o Paulo aceitasse o desafio, conseguimos várias coisas que são importantes para o Flamengo. Ele congrega o espírito vencedor do Flamengo. Foi assim como jogador e depois, como treinador, venceu nas vezes em que os clubes permitiram isso. Tem muito conhecimento acadêmico e experiência não focada só no aspecto tático, mas também organizacional de gestão.

Paulo Sousa, técnico do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

Paulo Sousa, técnico do Flamengo — Foto: Alexandre Vidal/Flamengo

O Flamengo de Paulo Sousa tem cinco competições previstas no calendário para 2022. No dia 26 de janeiro, começa o Carioca, diante da Portuguesa. Já em fevereiro, dia 20, tem a Supercopa contra o Atlético-MG. Na sequência, o time disputará ainda Copa do Brasil, Brasileirão e Libertadores.

Confira outros trechos da coletiva

Saída da Polônia

– Foi pelo entusiasmo, a grandeza do clube, a possibilidade de ganhar títulos e continuar a escrever outras páginas para ficar marcado na história do Flamengo. Essa é uma oportunidade que eu não poderia deixar de ter.

Primeira impressão

– Um elenco de muita qualidade, que precisa cada vez mais de compromisso. Qualidade não expressa vitórias. Somos um dos ou o melhor elenco da América do Sul, mas não é suficiente para ganhar títulos e jogos. Vamos ter que trabalhar mais do que todos os outros e para isso o compromisso individual e coletivo é fundamental. Essa foi a mensagem que passei para os jogadores.

Pedro e Gabigol juntos?

– Penso que temos três avançados muito fortes e só depois que trabalharmos no campo vamos entender a capacidade de cada um dentro de nossa perspectiva e ideia, que estão claras. Em vários jogos já utilizei três atacantes e penso em fazer em vários jogos desde o início, durante o jogo. São atacantes com características bem diferentes. Estou falando do Bruno Henrique, que tem uma capacidade forte de gol e de área.

Gabigol, Pedro, Flamengo — Foto: André Durão

Gabigol, Pedro, Flamengo — Foto: André Durão

Reforços

– Como eu disse, nosso elenco é um dos ou o melhor da América do Sul e vai melhorar muito. O clube tem feito um trabalho excelente nos últimos anos nas tomadas de decisão em relação a jogadores que pretendem para ganhar jogos e títulos. Foram identificados, no meu entender, algumas posições em que o campeonato longo e com muitos jogos, convocações de seleção, estamos procurando no mercado para melhorar o nosso elenco. Mas neste momento temos um elenco com qualidade suficiente para competir e ganhar.

Estilo de jogo

– A ideia maior é termos uma boa capacidade de controle em todo terreno de jogo. E a amplitude é um desses passos. Podemos ter amplitude através dos laterais, dos pontas, e só isso já muda a dinâmica e o entendimento geral da ocupação em termos de linha, distância, profundidade e amplitude.

Esquema tático

– O esquema é quando falamos no 4-2-3-1, 4-3-3, 4-4-2… Para mim, esses sistemas não são dinâmicos, são estáticos. Quem define os jogos são os protagonistas. Para mim, o esquema não é o mais importante. Temos jogadores muito inteligentes para compreenderem o jogo e a ocupação de espaço, vamos jogar com isso.

“Espero uma equipe dominadora todo jogo, constante, que esteja o máximo possível perto da área adversária, que recupere a bola o mais rápido possível. Esses são os conceitos gerais que vamos trabalhar”.

Três zagueiros?

– Sim. Três zagueiros, dois zagueiros, laterais, volantes… O importante é na primeira fase de construção sairmos da pressão de algumas equipes, que será minoria. Temos que ter alternativas com mais gente também em determinadas zonas do campo. Temos que ter os jogadores capazes de fazer a diferença no corredor central, pelos lados… Temos capacidade para fazer o time entender e jogar numa mesma direção.

Thiago Maia

– Todos têm que pensar em ser titular. Sabemos que há diferença de qualidade, de momento, mas com o número de jogos que temos todos têm que se sentir importantes quando mostram compromisso, qualidade e potencial. Vai ter espaço para todos. Penso que o clube fez um trabalho extraordinário na identificação de jogadores com características específicas para o Flamengo, e o Thiago é um jogador que tínhamos como opção de compra, já estava no clube, conhece o clube, e infelizmente teve uma lesão. O clube mostrou que estava presente, o apoiava, e dentro das características é diferente do Arão e do Andreas. Vamos procurar juntamente com ele oferecer o seu melhor para ser importante e competitivo.

Escola portuguesa

Jorge Jesus com comissão técnica permanente no Flamengo — Foto: Reprodução/Instagram

Jorge Jesus com comissão técnica permanente no Flamengo — Foto: Reprodução/Instagram

– Nossa escola é muito exigente e com poucos recursos temos que ser criativos para evoluir. Penso que nossa escola é forte, com boa capacidade de gestão de recursos humanos. Temos que valorizá-los, enriquece-los e aproveitá-los, além de desenvolver suas capacidades. Vamos planificar nossas ideias, desenvolver em campo, comunicar. É uma escola importante.

Jorge Jesus

– Sem dúvidas fez um trabalho extraordinário. Tem uma carreira extraordinária e enriquece ainda mais a qualidade do treinador português. Não só ele, mas técnicos ao redor do mundo que demonstram essa mesma capacidade. Vamos impor e dar continuidade a tudo que está sendo feito neste clube.

Cobranças da torcida

– A pressão no Flamengo é diária e isso faz parte da nossa vida. É um clube que investiu para ganhar e é uma pressão positiva, porque também quero viver esses títulos. A torcida é exigente não só por já ter vivenciado conquistas como quer continuar a vivenciar. Como eu a vivo? Focado no meu trabalho de forma para poder oferecer condições individuais e coletivas para o time ganhar jogos. A melhor forma de encarar isso é jogando bem e ganhando jogos.

Problemas no DM

– Essa é a verdade e há outras verdades factuais nos últimos anos por todo o mundo. A Covid é um problema para gerirmos bem essas mesmas lesões. Influenciou e continuará a influenciar bastante. Todos estamos unidos para buscar conhecimento e atuar nessa dificuldade. Estamos unidos para trabalhar bem. Em todas as equipes que tivemos, fomos uma das equipes com menos lesões. Estamos conhecendo o histórico individual de cada atleta para fazer trabalhos que minimizem as lesões. Há necessidade de integração, de conhecimento, para que possamos servir o nosso atleta para reduzir ao máximo as lesões. Não tenho dúvidas de que isso vai acontecer.

Arrascaeta

– É um jogador de grande importância, porque é inteligente e tem muita capacidade, recursos técnicos, conhecimento de jogo. Tenho algumas ideias para conversar e ver a receptividade dele. Mas depois será no campo que vamos ter um conhecimento maior para utilizá-lo e retirar o máximo potencial para equipe.

Arrascaeta no treino com bola  — Foto: Alexandre Vidal

Arrascaeta no treino com bola — Foto: Alexandre Vidal

Categorias de base

– O Matheus França ou qualquer outro… Lázaro… Qualquer jogador jovem em processo de transição vai ter seu espaço para progressão. A melhor forma de ajudar o futebol de base ao meu ver é ter uma equipe bem clara, definida e equilibrada, o que vai permitir o crescimento mais rápido desse jogador. Agora, ele precisa ter o potencial e a atitude correta para o contínuo crescimento. Porque muitos jovens quando chegam ao elenco principal acham que já chegaram e há muita coisa por fazer. (GE)