A deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), juntoaos parlamentares das bancadas do PSOL e Rede na Câmara, protocolou no Conselhode Ética da Casa, na noite desta terça-feira (11), um pedido de cassação do deputado bolsonarista Abílio Brunini (PL-MT), que foi acusado de atacar a parlamentar com um comentário considerado transfóbico e machista durante sessão da CPMI dos Atos Golpistas. Durante o depoimento do tenente-coronelMauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, Erika Hilton fazia questionamentos quando teve que interromper seu raciocínio para repreenderBrunini, que estava tumultuando.
É muito difícil, durante toda a sessão, o deputado atrapalhar os trabalhos da CPMI, causar tumulto. Eu aconselharia que o deputado procurasse tratar a sua carência em outro espaço. Este espaço [da CPMI] é sério, é de trabalho e é incompatível com este tipo de interrupção, filmagem e constrangimento”,declarou a deputada do PSOL.
Quando Erika Hilton retomou sua fala, o senador Rogério Carvalho (PT-SE) interviu para denunciar que Brunini havia feito um ataque transfóbico contra a parlamentar. Ele teria dito, segundo o petista e outras testemunhas que estavam sentadas próximas ao bolsonarista, como a senadora Soraya Thronick (UB-MS) e a deputada Duda Salabert (PDT-MG), que Erika Hilton estaria “oferecendo seus serviços para curar sua carência”, em referência clara à prostituição.
“Os ataques baixos e estigmatizantes feitos pelo deputado bolsonarista são muito graves e, ainda que seja uma conduta reincidente – suas ofensas, interrupções e ataques feitos, em especial durante as falas de deputadas mulheres -, o episódio de hoje ultrapassou qualquer limite. Foi violência política de gênero dizer que uma deputada eleita estaria ‘oferecendo serviços’. Há diversas testemunhas e iremos até o fim para que ele responda criminalmentee no Conselho de Ética pelos seus atos covardes e criminosos, que estigmatizam travestis e transexuais”, afirma Erika Hilton.
Brunini nega que tenha feito tal fala contra a deputada, mas o presidente da CPMI dos Atos Golpistas, deputado Arthur Maia (UB-BA), informou que vai solicitar investigação contra o bolsonarista diante do endosso de testemunhas. Após o ataque de Brunini contra Erika Hilton, a deputada federal Duda Salabert (PDT-MG) se solidarizou com a colega. “A todo momento que uma travesti ocupa um espaço de destaque, ou ela é recebida com violência política, tentativa de silenciamento, ou objeto de chacota, seja usando de forma risível, caricata e patética perucas, ou seja por meio de olhares, falas que tentam nos associar de forma anti-ética à prostituição, como se a prostituição fosse a única possibilidade para nós travestis e ransexuais”, declarou.
(Folha Max)