A Prefeitura de Várzea Grande, por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável (SEMMADRS), está participando do projeto Mato Grosso Produtivo – Cacau, em parceria com a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF) e com a Empresa Mato-grossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural (Empaer), que está doando 500 mudas da árvore típica da Bacia do rio Amazonas, com o objetivo de apoiar a organização da cadeia produtiva do cacau.
As mudas estão sendo destinadas a cerca de 10 agricultores familiares nas comunidades rurais Sadia 1 e 3, Dorselina Folador e Umuarama. A seleção de quem pode receber as plantas é feita pela SEMMADRS e pelos representantes das associações de pequenos agricultores, que localizam aqueles que dispõe de mata nativa em suas propriedades, já que o cacau se desenvolve bem à sombra de outras árvores.
Greiciana Rosa Dias é uma das beneficiadas. Ela e a mãe são responsáveis por um sítio no assentamento Nossa Senhora Aparecida 1 (Sadia 1). “Minha mãe gosta de plantar, ela tem de tudo um pouco no sítio. Minha vende abóbora e cria gado leiteiro. Na minha parte é mais galinha e porco. A presidente da associação ofereceu as mudas e minha mãe aceitou pegar pra gente plantar porque a gente não tem e eu acho tão lindo o pé! Nós temos bastante mata preservada e uma cabecinha de mina em casa e nós vamos plantar lá. Vai ser um experimento”, conta.
No assentamento Dorselina Folador, o agricultor José Carlos dos Santos vai plantar 25 mudas de cacau em consórcio com outras mudas de açaí que ganhou de um projeto experimental da Universidade Federal de Mato Grosso. A técnica está indicada na cartilha sobre o cultivo de cacau, que a equipe da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável entrega gratuitamente juntamente com as mudas.
“Eu sempre plantei preocupado com o solo e com o futuro porque estou plantando para os meus netos, para os que vêm. Eu acho que é importante o mundo cuidar, plantar árvore, evitar veneno, deixar a natureza voltar porque está acabando a água do planeta e o ser humano vai viver do quê? Nós precisamos de dinheiro para viver, mas precisamos primeiro plantar para comer e depois vender”, comenta.
José Carlos destaca ainda a importância do apoio recebido por parte da Prefeitura de Várzea Grande e outras instituições públicas. “A gente precisa de orientação técnica e essa doação é bem-vinda! Qualquer órgão que chegar aqui e falar ‘vamos trabalhar sem veneno e pra fazer a natureza levantar’, é bem-vindo”, diz.
Fomento da cacauicultura
De acordo com o coordenador de Desenvolvimento Rural Sustentável de Várzea Grande, Jhonattan Ferreira, a parceria da SEMMADRS com a SEAF e a Empaer prevê, além da distribuição de mudas e cartilhas, o acompanhamento dos agricultores por parte de profissionais. “Vamos analisar o desenvolvimento do cacau aqui no solo e no clima da região e, se a gente identificar que houve um bom desenvolvimento, vamos buscar mais recursos e parcerias para melhorar o trabalho e fazer o beneficiamento do produto”, explica.
O secretário municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Rural Sustentável, Célio dos Santos, enalteceu a parceria com o governo estadual. “Várzea Grande está vivendo um momento muito propício à agricultura familiar, fomentando várias cadeias produtivas, como do leite, da piscicultura, apicultura, da olericultura e agora do cacau, graças a esse projeto experimental em conjunto com a SEAF e com a EMPAER. São todos projetos de longo prazo e que, por determinação do prefeito Kalil Baracat, estamos organizando de forma a dar todo o suporte que os pequenos agricultores precisam para alcançar o maior aproveitamento possível de suas terras, de maneira sustentável tanto do ponto de vista do meio ambiente quanto da questão financeira”, afirma.
Cacau
De acordo com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), o cacaueiro (Theobroma cacao), é a árvore perenefólia que dá origem ao fruto chamado cacau. Pertencente à família Malvaceae, o cacaueiro é originário da chuvosa Bacia do rio Amazonas, na América do Sul. Em ambientes sombreados de floresta e sem poda humana, sua altura pode chegar a 20 metros, contudo, em condições de cultivo usualmente sua altura varia de 3 a 5 metros. O cacau é a principal matéria-prima do chocolate, feito por meio da torra e moagem das suas amêndoas secas em processo industrial ou caseiro. Outros subprodutos do cacau incluem sua polpa, suco, geleia, destilados finos e sorvete.
Cacau em Mato Grosso
A área de produção do cacau em Mato Grosso é de 950 hectares, segundo apontamento da Produção Agrícola Municipal – IBGE 2017. Por hectare são produzidas em média 647 kg/ha do fruto, e a produção anual está em 615 toneladas. Os principais produtores da fruta no estado são Colniza, Alta Floresta e Cotriguaçu.
No ranking nacional, Mato Grosso ocupa o 6º lugar, sendo responsável por 0,25% do cacau produzido no País. Conforme a Secretaria de Estado de Agricultura Familiar (SEAF), o objetivo do projeto Mato Grosso Produtivo – Cacau é, além de apoiar a organização da cadeia produtiva do cacau, incrementar a área do cacau clonal em 210 hectares, alcançar uma produtividade média de cacau nas áreas incrementadas de 1.500 kg por hectare, incrementar 315 mil quilos na produção de cacau em Mato Grosso, capacitar técnicos da Empaer, das secretarias municipais de agricultura e da SEAF na área de cacauicultora, atender 210 famílias de agricultores familiares com assistência técnica e extensão rural, ampliar o número de emprego e renda e fortalecer a economia local.
(Celly Silva / Secom-VG)