Um casal foi preso, nessa sexta-feira (23), suspeito de torturar e matar o filho de 1 ano, com socos e fio de carregador de celular, em Cáceres, a 253 quilômetros de Cuiabá.
Enzo Gabriel Fontaneli deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Cáceres, levado pela mãe com diversas marcas de lesões pelo corpo e conforme a equipe médica, ele já não apresentava sinais vitais. Ainda assim, a equipe tentou a reanimação do garoto, sem sucesso.
A médica responsável pelo atendimento à criança informou que no exame físico realizado ficaram evidentes diversas marcas pelo corpo da criança, como hematomas, inclusive nos olhos, nódulos na cabeça e cicatrizes, entre elas a que mostra a marca de um carregador de celular.
A Polícia Militar de Mato Grosso foi acionada pela UPA e encaminhou a mãe da criança ao plantão da Delegacia de Cáceres.
A versão inicial da mãe, de 20 anos, foi de que na noite de quinta-feira (22), o filho teria caído de uma mureta e batido a cabeça.
Após a queda, os pais teriam dado banho no menino, que se queixou de dores pelo corpo. Depois de acalmarem o garoto, eles o teriam colocado para dormir mas, na manhã de sexta-feira (23), a criança estava fraca e não respondia aos chamados, quando então pediram ajuda e a mãe o levou à unidade de saúde.
Entre os hematomas está uma cicatriz de um carregador de celular — Foto: PJC/MT
No entanto, durante interrogatório na delegacia, a mãe acabou confessando à delegada Judá Maali Marcondes que viu a criança sendo agredida pelo pai, que não gostou de ouvir o pequeno Enzo chorar e se irritou com o filho. Ela disse que depois das agressões, a criança ficou desacordada, sendo então levada à UPA.
A apuração da Polícia Civil constatou que a criança passou por intenso sofrimento físico por um longo período, com diversas agressões causadas por objetos, como um fio de carregador de aparelho celular.
Além disso, o menino recebeu um golpe no tórax e vomitou. Com isso, o pai tornou a agredi-lo, diante do choro do garoto.
O pai da criança foi localizado na chácara onde mora, na Comunidade Taquaral, e preso em flagrante. Na casa, as equipes da Delegacia Especializada do Adolescente de Cáceres localizaram uma arma de fogo.
A delegada Judá Marcondes explicou que a mãe se omitiu no dever de cuidar e proteger o filho das agressões e por isso responderá também pelo homicídio qualificado.
“Essa criança foi torturada, sofreu agressões seguidas, que resultaram em sua morte”, pontuou a delegada.
Em depoimento na delegacia, o pai, de 21 anos, confessou as agressões contra o filho. Um laudo preliminar apontou indícios de que a criança tenha sido abusada sexualmente.
Os dois responderão pelo homicídio qualificado mediante tortura e recurso que impossibilitou a defesa, com agravante pelo fato da vítima ser menor de 14 anos. Além disso, também podem responder por estupro de vulnerável.
Após os procedimentos na Delegacia da Mulher de Cáceres, o casal será submetido a exame de corpo de delito e depois encaminhado para as respectivas unidades prisionais, onde permanecerão à disposição da Justiça.
A delegada representou ao Poder Judiciário pela conversão do flagrante em prisão preventiva do casal. O homem foi autuado em flagrante também por posse ilegal de arma de fogo.
O pai também vai responder por posse ilegal de arma — Foto: PJC/MT