Viver é uma questão de estratégia. É preciso assertividade para garantir a conquista dos nossos objetivos pagando um preço justo por isso. Isso porque somos desafiados diariamente a ser melhores, mais exitosos, produtivos e perfeitos, e para garantir isso, nos dispomos a abrir mão de questões fundamentais para nossa existência, como saúde mental, paz de espírito, amor, saúde e, muitas vezes, a tranquilidade de chegar em casa e dormir com a consciência tranquila de que fizemos o que poderia e deveria ter sido feito.

Mas como podemos definir a melhor estratégia para sobreviver a tudo isso? Os Iorubás podem nos ensinar isso de uma forma perspicaz por meio do Orixá Oxóssi, que é ligado à caça, à estratégia e à fartura.

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Um dos principais títulos de Oxóssi é Otokansoso, que significa o caçador de uma flecha só. Essa simbologia é muito pertinente, porque demonstra que esse orixá utiliza de seu poder de estratégia e exatidão para não desperdiçar recursos em suas conquistas.

Eis uma grande lição que Oxóssi tem para nós, que é viver sem desperdícios, seja de alimentos, seja de dinheiro, e, principalmente, de energia vital.

Muitas vezes o desagaste que sofremos se dá por conta da nossa falta de estratégias. Essa é uma questão que exige autodomínio e, acima de tudo, a habilidade do caçador de saber esperar a hora certa para disparar a flecha.

Não há aqui espaço para uma interpretação meramente capitalista, que entende o mundo apenas como um lugar de competição entre pessoas. O que se pode aprender com Oxóssi é que devemos ser melhores sim, mas para nós mesmos.

Oxóssi ensina que a assertividade é a provedora da fartura, porque ele quando saia para caçar nunca trazia animais a mais do que sua aldeia iria conseguir consumir.

Esse importante orixá nos ensina que a coletividade também é um espaço de virtude, porque as necessidades intrínsecas a nossa humanidade nos colocam em igualdade. Não necessariamente que todes entendam essa lição, porque isso exige desvencilhar do egoísmo e da visão de mundo egocêntrica a qual estamos acostumades.

Não há também aqui a pregação sobre uma sociedade ou coletividade perfeita. Essa visão claudicante pode ser incapacitante, e sem dúvidas, desestimulante. O que se deve ter em mente é que nossa necessidade de viver em coletividade precisa ser lapidada ao ponto de não encararmos todes como inimigues ou concorrentes, mas, como pessoas que estão na mesma selva que nós, buscando o sustento para sua aldeia existencial.

*VINÍCIUS BRUNO   é jornalista em Mato Grosso.

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