Os beneficiários do Auxílio Brasil estão mais otimistas com o futuro da economia do país do que a parcela da população que não é atendida pelo programa assistencial, substituto do antigo Bolsa Família.

Segundo pesquisa Datafolha, 53% dos eleitores que recebem o benefício acreditam que a situação econômica do país vai melhorar nos próximos meses. Entre os que não são atendidos pelo programa de distribuição de renda, a parcela de otimistas é de 47%.

Foi também na parcela dos beneficiados que otimismo disparou com mais força.

Na última pesquisa, realizada em junho, 36% dos que recebiam o benefício acreditavam na melhora da economia do país. A fatia aumentou 55% nesse período.

Entre os não beneficiários, esse sentimento era compartilhado por 32% dos entrevistados. A parcela se expandiu 47% desde junho.

Em agosto, o Auxílio Brasil foi ampliado pelo governo e passou a pagar parcela mínima de R$ 600 -o novo valor segue até dezembro. Turbinar o Auxílio Brasil seria uma estratégia do atual governo de Jair Bolsonaro (PL) para tentar minimizar o impacto da inflação nas famílias mais pobres e também fortalecer a marca do programa, às vésperas da eleição presidencial.

Também foram incluídos mais 2,2 milhões de famílias no programa e número de atendidos chegou a 20,2 milhões. Os beneficiários do programa de distribuição de renda representam 1 em cada 4 brasileiros.

Segundo o instituto, o sentimento pessimista sobre a economia também diminuiu entre a população que recebe o Auxílio Brasil, de 29% para 16%. A desconfiança é maior entre os que não recebem o benefício: 19% em agosto. Em junho, esse número era de 36%.

O Datafolha entrevistou 5.744 eleitores em 281 cidades entre os dias 16 e 18 de agosto. A margem de erro do estudo é de dois pontos porcentuais, para mais ou para menos. A pesquisa foi contratada pela Folha de S.Paulo e pela TV Globo.

A taxa de beneficiários do Auxílio Brasil que preveem melhora na própria situação econômica nos próximos meses cresceu de 53% para 61%. Os que acreditam que terão piora na condição financeira caiu 12%, em junho, para 7%.

Para os eleitores que estão fora do programa, 57% apostam numa melhora da situação financeira pessoal. Antes eram 45%. Os que acham que a situação ficará mais difícil diminuiu de 16% para 8%.

 

Mulheres são maioria

As mulheres são maioria entre os eleitores atendidos pelo Auxílio Brasil, aponta pesquisa Datafolha. De acordo com o levantamento, em agosto elas representavam 62% dos beneficiários presentes na folha de pagamentos do governo, enquanto os homens eram responsáveis por 38% dos benefícios concedidos.

Os dados apontam para uma leve redução na disparidade entre homens e mulheres que chefiavam famílias beneficiadas, se comparado a junho. Na ocasião, 67% dos beneficiários eram mulheres e 33% eram homens.

Paola Carvalho, diretora de relação institucional e internacional da RBRB (Rede Brasileira de Renda Básica), diz que as mulheres são maioria nos programas sociais porque há uma preferência de que elas sejam registradas no CadÚnico como responsáveis pela família.

Segundo Paola, não colocar as mulheres como responsáveis contribui para um aumento na situação de vulnerabilidade do público feminino.

“Antigamente, os homens ficavam com o dinheiro do benefício e não repassavam para as mulheres, que não conseguiam comprar as coisas das crianças. O direcionamento para que o cadastro fique em nome das mulheres é uma conquista em algumas políticas sociais.”

Além disso, as famílias chefiadas pelas mulheres são as que possuem mais chances de serem afetadas pela desigualdade na distribuição de renda. “Quanto mais pobre uma família é identificada no Cadastro Único mais ela tinha chance de ser chefiada por mulheres, mais ela tinha chance de estar em extrema pobreza”, diz ela.

 

Perfil

Segundo o instituto, mais da metade dos eleitores brasileiros que recebem o Auxílio Brasil estudou até o ensino médio (52%), enquanto 42% completaram apenas ensino fundamental. Em junho, eram 46% que haviam concluído o ensino médio e 38% o fundamental.

Pelo menos um terço (32%) dos beneficiários do programa diz não ser economicamente ativo. Em junho, a taxa era de 30%.

Em relação à ocupação, entre os que recebem as parcelas do auxílio se destacam as pessoas que sobrevivem de bicos (20%), desempregados (17%) e donas de casa (16%). Índices que apresentaram pouca variação se comparado a junho.

Na questão religião, os católicos continuam sendo o público mais atendido. Em agosto, 51% dos beneficiários se diziam católicos, enquanto 25% se disseram evangélicos. Foram 11% os que se declararam sem religião.

A população que depende do auxílio do governo se concentra com maior intensidade em cidades do interior do país: 63%. A parcela de 19% de quem recebe o benefício mora em regiões metropolitanas e 17% são de capitais do país, mesmo patamar de dois meses atrás.

Fonte: MidiaNews