Quantos filmes búlgaros você viu? Se a nossa curta existência terrena permitir, veja pelo menos um: ‘Glory’. Dirigido e escrito por Kristina Grozeva e Petar Valchanov e selecionado como representante do seu país ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2018, traz uma narrativa poderosa e muito própria dos países em desenvolvimento.
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O protagonista, ferroviário, encontra uma grande quantia de dinheiro nos trilhos do trem e o entrega à polícia. Num país em crise, é transformado em herói nacional e recebe como presente um relógio de pulso da marca que intitula o filme. Antes da cerimônia, a organização do evento pede para ele retirar o relógio que utilizava, presente do pai.
E aí começa o drama. O relógio pelo qual tinha imensa carinho é perdido pela responsável pelo departamento de relações públicas do Ministério dos Transportes. À medida que ele a pressiona para reaver o objeto, a funcionária oficial se descontrola. Os dois excepcionais atores conduzem essa história de sofrimento dentro de um sistema falido.
O ferroviário, gago, mal consegue se comunicar. Marginal à sociedade, afunda na solidão e preconceito. A assessora, pressionada no trabalho e fazendo tratamento para ser mãe, funde seu lado profissional e mulher com dificuldade. A última cena, genialmente filmada, mostra que, ao final, os sistemas, por pior que sejam, geralmente vencem. E geram dor para todos.
*OSCAR ALEJANDRO FABIAN D’AMBRÓSIO é mestre em Artes Visuais e doutor em Educação, Arte e História da Cultura, é Gerente de Comunicação e Marketing da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo; atua na Assessoria de Comunicação e Imprensa da Unesp.
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