A maioria das pessoas acha que a imprensa de modo geral – jornas, TV, revistas, rádios – tem perfil de esquerda. Eu que sou um convicto e atuante defensor do jornalismo profissional devo dizer que … também acho.

Mas, diferentemente dessa maioria, não considero essa tendência como um defeito, desde que esse “esquerdismo” seja usado para a defesa dos mais fracos, não para imputar aos ricos a culpa pelo infortúnio dos pobres.

 A imprensa, vez ou outra, aparece arrogantemente desvirtuando sua importante missão, seja fazendo uma leitura simplista da realidade, exagerando os fatos ou tirando conclusões precipitadas sem dar voz às partes envolvidas na notícia. Ouvir para tentar entender, não somente para cumprir o protocolo das redações.

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A mídia que enfatiza, por exemplo, o absurdo de termos 33 milhões de pessoas à beira da fome em um país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, é ingênua, ilógica ou tendenciosa.

A fome de muitos, que é uma tragédia, não guarda relação com a produção de alimentos. Comida existe em abundância no mundo e mais teria se precisasse, falta sim, aos pobres, dinheiro para comprá-la.

As privações derivam das desigualdades sociais e da carência de empregos. Criá-los seria a única e suficiente forma de tirar da miséria e da indignidade tanta gente infeliz. O produtor de grãos ou o pecuarista – não importa quantos mil hectares tenham – são tão responsáveis pela fome dos 33 milhões de brasileiros quanto eu, você ou um rico banqueiro.

Há alguns meses a imprensa local e a nacional esbaldaram-se, com os “ossinhos de Cuiabá”. No episódio que rendeu imagens, discursos e hipócrita indignação enveredaram pelo viés de que em Mato Grosso, terra do boi, só sobram ossos para os carentes.

A mídia achou melhor cobrar o agronegócio: o maior produtor de grãos do Brasil, não poderia ter gente com fome, diziam. Muito menos faltar carne para todos neste rico Mato Grosso, que tem dez bois para cada habitante.

Alvoroçados pelas manchetes que o fato prometia, repórteres esquerdistas de todas as mídias, omitiram o mais importante: um empresário, condoído da fome das pessoas, gastou energia, mão-obra e dinheiro para padronizar e distribuir aquelas “sobras” nas enormes filas que se formaram à sua porta.

A imprensa buscou o aplauso imediato, esquecendo de louvar o gesto do empresário. Era muito mais fácil e barato para o dono dos “ossinhos” aproveitar o possível e jogar o resto no lixo, como muitos de nós fazemos todos os dias. E para quem pensa que só existiam ossos entre os “ossinhos” é bom lembrar que o povo não faria fila para pegar rejeitos inúteis.

Seria útil que a mídia mantivesse o seu perfil de esquerda para cobrar dos governos maior proteção dos necessitados, mas não esquecer de que somos um país capitalista, onde cabe aos governantes cobrar impostos e redistribuí-los de forma eficiente. É uma ingenuidade esquerdista atribuir aos ricos a obrigação de socorrer os pobres (isto é missão do Estado), e aos produtores de grãos e carne o dever de acabar com a fome e a miséria.

Isso não nos isenta, claro, da indispensável empatia com os desvalidos. Ao menos poderíamos, com um pequeno esforço, destinar-lhes os “ossinhos” que descartamos todos os dias.

 

*RENATO DE PAIVA PEREIRA   é empresário e escritor em Mato Grosso.

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