Algumas crenças religiosas dizem que há algo de místico e onipresente no Universo. Uma imagem impressionante registrada pelos telescópios James Webb e Hubble faz alusão à ideia, revelando “dois olhos” nos encarando de volta no meio da imensidão do espaço.

O registro divulgado pela Agência Espacial Europeia (ESA) nesta quinta-feira (31) mostra duas galáxias lado a lado, distorcidas de uma maneira que parecem se fundir.

Na imagem, a galáxia menor à esquerda é conhecida como IC 2163, enquanto a maior recebe o nome de NGC 2207. As galáxias estão levemente conectadas, o que é perceptível nas frentes de choque, onde o material de ambas parece ter colidido. Seus braços espirais, destacados por linhas vermelhas que se estendem dos núcleos, parecem com veias.

Essas duas galáxias espirais possuem braços enrolados onde se concentram inúmeras regiões de formação estelar. Segundo os pesquisadores, a dupla produz anualmente o equivalente a duas dúzias de estrelas do tamanho do Sol. Em comparação, a Via Láctea, que também é uma galáxia espiral, forma apenas duas ou três estrelas solares por ano.

Além das estrelas, essas duas galáxias também contêm sete supernovas — explosões estelares que ocorrem em estrelas com no mínimo 10 vezes a massa do Sol. Esse número elevado pode ter contribuído para a criação de novas regiões de formação estelar.

Duas vistas da mesma cena. A observação do Telescópio Espacial Hubble está à esquerda, e a do Telescópio Espacial James Webb está à direita — Foto: European Space Agency (ESA)
Duas vistas da mesma cena. A observação do Telescópio Espacial Hubble está à esquerda, e a do Telescópio Espacial James Webb está à direita — Foto: European Space Agency (ESA)

Vale destacar que as diferentes cores das galáxias na imagem são resultados da combinação entre a luz infravermelha média do James Webb e a luz visível e ultravioleta capturada pelo Hubble.

Para localizar as áreas de formação estelar, é preciso olhar para as regiões azuis brilhantes, capturadas pelo Hubble em ultravioleta, e as áreas rosa e brancas, detalhadas pelos dados de infravermelho do Webb.

Por sua vez, as áreas mais “densas” dos braços representam regiões de superaglomerados estelares. Outras zonas brilhantes indicam explosões estelares pequenas, onde várias estrelas nascem uma em sequência da outra.

Qual será o destino dos “olhos do Universo”?

Daqui a vários milhões de anos, o “par de olhos” se tornará um único olho. Os braços e os núcleos da galáxias irão possivelmente se fundir, criando uma única esfera brilhante, assim como o olho de um ciclope. A formação de estrelas também diminuirá quando seus estoques de gás e poeira se esgotarem, e a cena se acalmará.

(Redação Galileu)