A Polícia Civil cumpre, na manhã desta sexta-feira (31), no município de Sorriso, distante 423 quilõmetros ao norte de Cuiabá, 97 mandados judiciais de prisão, busca e apreensão e quebra de sigilo bancário dentro da “Operação Recovery”, que apura os crimes de associação para tráfico, tráfico de drogas e lavagem de dinheiro contra integrantes de facção criminosa Comando Vermelho.
A operação também cumpre o sequestro de veículos ligados ao líder do grupo criminoso e o bloqueio de valores em até R$ 1 milhão de integrantes da associação criminosa.
De acordo com a polícia, durante as investigações foi identificado o funcionamento de um comércio de drogas, além da compra de patrimônios com o dinheiro do tráfico. Três pessoas pessoas comandavam a venda de entorpecentes na região.
Ainda de acordo com a polícia, o suspeito W.D.S.T. exercia a gerência no abastecimento das “lojinhas” do tráfico, com a ajuda de sua esposa L.S.M, em bairros da região oeste de Sorriso. Todo pequeno traficante da cidade devia obediência e o pagamento de taxas à facção criminosa.
Para abastecer os lojistas, W.D.S.T. tinha como fornecedores diversos criminosos, entre eles dois irmãos que tinham o posto de gerentes da facção no município.
Lavagem de dinheiro
A investigação também constatou que toda a movimentação era registrada em planilhas com a quantidade de entorpecente encomendada e vendida aos ‘lojistas’, contabilizada e os recebimentos eram pulverizados em contas de ‘laranjas’. Havia ainda uma tabela de preços, controle de pagamento e histórico de débitos dos lojistas vinculados.
Já o dinheiro da distribuição da droga era movimentado pelo traficante e líder intelectual do grupo G.J.P., que não apenas recolhia o pagamento do que vendia, como também recebia as taxas pagas pelos lojistas à facção criminosa para que pudessem vender entorpecentes em Sorriso. É ele quem determinava quem atuaria como gerente em cada bairro do município.
Além da distribuição e venda de drogas, os dois principais traficantes são investigados por lavagem de capitais. O dinheiro era pulverizado em diversas contas de “laranjas”, a mando de G.J.P., e a regra era escolher como laranjas pessoas com pouco, ou nenhum, histórico criminal.
Ele ainda determinava que o dinheiro das taxas pagas pelos traficantes, deveria ser depositado em conta diversa daquela que recebe o pagamento da venda de drogas. O dinheiro era encaminhado à conta de uma mulher, também alvo da operação pelo crime de lavagem de capitais.
GJ.P., além de liderar a associação criminosa, assessorado por seu irmão, ostentava uma vida de luxo nas redes, paga com o dinheiro do tráfico de drogas.
Durante as investigações, a polícia também identificou outras mulheres que atuavam na lavagem do dinheiro do tráfico. Agindo da mesma forma que os filhos, uma das investigadas, recebia pagamentos da compra e venda de drogas em suas contas pessoais, para ocultar a origem do dinheiro.
Já outras suspeitas, duas delas companheiras dos traficantes, tinham como papel na associação criminosa ceder as contas bancárias para receber e realizar pagamentos de negociações que envolvem o comércio de drogas em Sorriso.
Uma das investigadas, que foi presa recentemente em flagrante por tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro, e colocada em liberdade provisória, continuou a cometer os crimes da mesma natureza.
Venda de armas
A investigação apurou também que K.N.F.S., de Sinop, fez a venda de diversas armas aos integrantes da associação investigada. Em uma negociação, ele vendeu uma pistola Taurus, modelo PT 58, para o traficante que gerencia o abastecimento dos ‘lojistas’.
A apuração constatou que o criminoso vendeu, somente a associação criminosa, três armas de fogo e ofertou outros diversos armamentos à associação investigada.