Como consequência de investigação minuciosa,  o  Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) prendeu na noite deste domingo (8) o tenente-coronel Marcos Eduardo Paccola, da Polícia Militar de Mato Grosso. A ação faz parte da “Operação Caverage”.

Segundo informações de bastidores, o oficial foi detido em sua residência, no condomínio de luxo Alphaville, pouco depois dele chegar de uma viagem. O fato da prisão ter ocorrido num domingo à noite  é alegado, pelo Gaeco, ao fato de que o tenente-coronel poderia receber informações privilegiadas e se antecipar com um novo habeas corpus preventivo.

Paccola era alvo de um mandado de prisão na primeira fase da operação, no dia 21 de agosto, quando foram presos outros três oficiais. Todavia, na noite anterior obteve um habeas corpus preventivo e nem chegou a ser preso.

Ainda não se tem informações sobre as razões que levaram o Judiciário a decretar, novamente, a prisão do oficial. Porém, uma fonte  informou que, no decorrer das investigações, surgiram fatos novos contra ele, o que justificou um novo pedido ao Judiciário, que deferiu a prisão.

A Operação Caverage apura um esquema de adulteração de arma de fogo que pertece ao tenente Cléber Ferreira, acusado de integrar um grupo de extermínio denominado “Mercenários”.

Desde a operação, surgiram fatos novos envolvendo Marcos Eduardo Paccola. O Gaeco, num segundo momento prendeu o sargento Berison Costa e Silva, pelo fato da arma do tenente Cleber ter sido alterada com sua senha.

O sargento foi solto em 3 de setembro, por determinação do Tribunal de Justiça de Mato Grosso. Entre as alegações para sua soltura, está a de que Paccola, em depoimento, isentou o sargento da fraude.

“A impetração está instruída com mídia digital [vídeo], na qual o coindiciado Marcos Eduardo Ticianel Paccola afirma que: o sargento Berison não fez e não tinha conhecimento de absolutamente nada do que eu fiz para confeccionar o documento a ser anexado no processo do tenente Ferreira; a senha dele foi utilizada por mim porque coincidentemente ela ficou salva no computador que eu estava utilizando”, diz trecho da decisão que soltou Berison da Costa e Silva.

DENÚNCIA

Na tarde de quarta-feira (04), o Ministério Público ofereceu denúncia criminal relacionada à operação Coverage, contra cinco oficiais da Polícia Militar. Foram denunciados o 2º tentente Cleber de Souza Ferreira, o tenente Thiago Satiro Albino, o tenente coronel Marcos Eduardo Ticianel Paccola, o tenente coronel Sada Ribeiro Ferreira e o 3º sargento Berison Costa e Silva.

Os denunciados devem responder pelos crimes de organização criminosa, embaraço de investigação em três inquéritos, falsidade ideológica, fraude processual e inserção de dados falsos em sistema de informações. Além da condenação pelos crimes praticados, o Ministério Público requereu que, ao final da ação penal, seja decretada a perda definitiva do cargo público dos cinco réus.

Consta na denúncia, que os oficiais militares utilizaram-se de seus cargos e funções de relevância para fomentar esquema criminoso voltado à adulteração de registros de armas de fogo, mediante falsificação documental e inserção de dados falsos em sistema informatizado da Superintendência de Apoio Logístico e Patrimônio da Polícia Militar. Uma das armas de fogo que teve o registro adulterado, adquirida por um dos denunciados, segundo o Ministério Público, teve como objetivo ocultar a autoria de sete crimes de homicídios, sendo quatro tentados e três consumados, ocorridos entre os anos de 2015 e 2016, praticados pelo grupo criminoso conhecido como “Mercenários”.