A abundância de energia elétrica produzida em Mato Grosso não tem sido suficiente para promover o necessário desenvolvimento de várias regiões do Estado. Motivo: falta de oferta para a atender demanda para implantação de indústrias. Especialmente, na área da agroindústria. O resultado dessa matemática é que muitos empreendimentos estão deixando de ser implantados e, consequentemente, represando a economia e a geração de empregos.
Essa questão – assim como investimentos e tarifas – foi levantada pelo senador Jayme Campos (União-MT) em audiência pública nesta terça-feira, 30, na Comissão de Infraestrutura do Senado. Ele questionou o diretor-presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), Sandoval de Araújo Feitosa Neto. O senador cobrou respostas da agência para o entrave.
A posição do senador mato-grossense de que a distribuição de energia não acompanhou a evolução do campo acolhe também queixas formuladas pelos agricultores do Estado. Em muitas ocasiões eles tem demonstrado insatisfação com o próprio fornecimento de energia elétrica às propriedades rurais. A capacidade de quilowatt-hora, por exemplo, é insuficiente, somada a falta de manutenção na rede em alguns trechos e as constantes oscilações, fator que tem inviabilizado investimentos de armazenagem.
“Esse é um dos clamores. Recebo reclamação quase toda semana de empresários que vão me procurar pedindo para olhar o sistema. Dizem que quer fazer uma planta frigorífica ou qualquer outro empreendimento, mas não tem essa energia disponível” – relatou o senador.
Sandoval de Araújo admitiu que, de fato, existe deficiência na distribuição. Ele apontou duas questões objetivas: as dimensões do Estado para implantação das linhas de distribuição e também as dificuldades de ordem ambiental. Ambas as situações, segundo ele, impactam sobre o investimento para além das condições dos empreendedores.
Tarifas ‘fora da casinha’.
Jayme Campos também endossou as críticas de outros senadores sobre o valor das tarifas pagas pelos consumidores e cobrou ‘regras claras’ por parte das autoridades que atuam no segmento energético. Em Mato Grosso, segundo ele, os preços praticados estão ‘fora da casinha’, especialmente em se partindo da premissa que é um estado que produz energia em abundância. “Só aumenta, aumento, aumento, aumento, aumento…” – disse.
Os investimentos da concessionária, segundo o senador, são pouco ou quase nada, e por isso disse ter dificuldades de compreender os motivos das tarifas serem elevadas. Ele lembrou que o índice de inadimplência reduziu sobremaneira, não passando de 3 a 4% e cobrou fiscalização rigorosa da ANEEL em defesa, sobretudo, da população mais carente.
Rio Cuiabá
No mesmo pronunciamento, Jayme Campos também aproveitou para rebater a proposta de uso do Rio Cuiabá para implantação de usinas hidrelétricas e aplaudiu a decisão da Secretaria de Meio Ambiente em proibir empreendimentos dessa natureza no rio. “Se iria nos roubar tudo aquilo que ao longo dos 327 que tem a capital Cuiabá, era por interesses apenas econômicos” – disse, ao destacar que as usinas não teriam nenhuma ligação com a defesa dos ribeirinhos e do meio ambiente.