A eliminação para o Atlético-GO na Copa do Brasil, na última quinta-feira, ainda dói no Fluminense. Mas a resposta imediata no Campeonato Brasileiro, quatro dias depois, foi exaltada por Odair Hellmann. Em entrevista coletiva após a goleada por 4 a 0 sobre o Coritiba, na noite desta segunda no Nilton Santos (veja os melhores momentos no vídeo acima), o treinador tricolor admitiu que ainda não foi digerida a desclassificação, por outro lado enalteceu a “reação forte” dos jogadores para uma rápida resposta:
– Sempre muito difícil você digerir depois de um jogo no qual foi eliminado na Copa do Brasil. Ficou todo mundo muito chateado, dolorido com tudo isso. Não só o torcedor como todos nós aqui dentro, que vivemos o dia a dia, nos entregamos ao máximo para conseguir trazer melhores resultados para o torcedor, para o clube. Quando acontece um revés desse, importante que no próximo jogo a equipe tenha uma reação forte, como nós tivemos. Não é fácil ter, mas o grupo é de personalidade, vem trabalhando duro – elogiou Odair, completando:
– Não merecíamos o que aconteceu, mas não podemos olhar para trás, voltar atrás e consertar o que não conseguimos na Copa do Brasil. Temos como melhorar para frente. Agora tem o Campeonato Brasileiro e precisamos focar que cada jogo para nós é decisão, é final. Trabalhar, melhorar a performance no dia a dia para que tudo se reflita dentro do campo e a gente se mantenha nessa faixa da tabela, entre os primeiros. Campeonato é longo, competitivo, mas se entrarmos com essa postura, padrão de hoje, com certeza vamos conseguir fazer um campeonato muito bom.
Felippe Cardoso, Fluminense — Foto: André Durão / ge
Com a vitória, o Fluminense terminou a rodada em sétimo lugar no Brasileirão, com 17 pontos, um atrás do G-6, zona de classificação para a Pré-Libertadores. O Tricolor volta a campo no próximo domingo, quando tem pela frente o clássico com o Botafogo às 11h (de Brasília), no Nilton Santos.
Veja outras respostas de Odair:
Atuação de Muriel
– Acho que a equipe toda fez um jogo consistente, muito seguro na fase defensiva, e na ofensiva produziu e foi efetivo em fazer gols. Na hora que tinha que organizar, defendeu muito bem. Importante não tomar gols e não tomamos. Mesmo com placar elástico, às vezes pode relaxar e acabar acontecendo. O Coritiba até produziu algumas situações, mas não só o Muriel como todos foram muito bem. Estão de parabéns todos que entraram em campo, não só os que iniciaram, mas os que entraram depois. E o Muriel também.
Chances do Coritiba
– Todo time passa por processos dentro do jogo, tem que visualizar o adversário também quando tomou o gol. Nós dominamos o jogo até 25 minutos do primeiro tempo, já poderíamos ter até ampliado e não o fizemos, e o adversário cresce naturalmente dentro do jogo, começa a encontrar formas de sair da marcação, da força que estávamos imprimindo na partida. Importante é que a equipe esteja equilibrada e consiga dar uma resposta de não tomar o gol. No segundo tempo já fizemos o segundo gol, aí claro fica mais leve o jogo, dentro do que estávamos produzindo até então.
– As variáveis dentro da partida são normais, o que não pode acontecer quando a equipe adversária tenha o domínio das ações é você sofrer o gol, não conseguir se impor sem a bola na organização defensiva. Isso gera intranquilidade para nós e confiança para o adversário. Foram poucos minutos, diminuímos bem esse espaço de predomínio do adversário e na maior parte dos 90 minutos tivemos regularidade de desempenho em todas as fases do jogo.
Pós-eliminação
– Falei sobre isso a todos os jogadores, que após a partida da eliminação não teríamos mais o que fazer. Deveríamos e tínhamos que dar uma resposta rápida de força, imposição de jogo e não deixar de fazer as coisas melhor do que fizemos na partida que perdemos. Isso que uma equipe que tem regularidade, força, padrão, consegue manter. Então é pegar as experiências negativas e transformar em positivas com desempenho, resultado… Foi o mais importante hoje, uma exibição consistente em todos os sentidos.
Jogadores criticados
– Eu sou um profissional que trabalho muito, me dedico muito. Respeito as opiniões contrárias, sou um cara de observação, de leitura do que está acontecendo, dos processos de críticas, muito atento a isso. Mas costumo blindar o vestiário, os jogadores. Eu, como treinador, principalmente nos momentos mais difíceis sou o cara que vou lá dar um abraço, mostro força, confiança para que se reestabeleça rapidamente. Todos nós passamos por momentos ruins, difíceis, irregulares, não só no esporte como na vida. Mas poucos nos momentos ruins vem estender a mão, falar faz isso, melhora isso, visualiza o que fez de errado, mas olha para frente, trabalha, transpira muito, que as coisas vão voltar a acontecer.
– Isso que faço como treinador, não entrego a cabeça de ninguém. Tenho respeito muito grande por eles e assim vou continuar sendo aqui e em toda a minha carreira. Chamar a responsabilidade para mim como treinador e transmitir leveza para que tenham melhor desempenho. Claro que sempre fazendo análise com calma, com critério, no dia a dia e tomando as decisões que têm que ser tomadas. Não tomo decisão pela cabeça dos outros, por pressão, tomo pelo dia a dia de trabalho, pelas convicções. Erro e acerto como qualquer ser humano, qualquer treinador, mas procuro passar confiança e jogar da forma como jogaram hoje.
Pressão da torcida
– Clube grande, gigante como o Fluminense, certamente quando eliminado há cobranças, contrariedades. Desde que tenham respeito e não passem do limite, são aceitáveis. Acontecem, faz parte do futebol. A pressão não pode entrar no fator interno. E nem o fator interno, no caso nós, não deixarmos de avaliar, de se perguntar, fazer uma autoanálise, saber o que melhorar, tomar decisões que sejam importantes para que o grupo se fortaleça e dê as respostas que o torcedor quer, que nós queremos. Pode ter certeza que quero um time vencedor, forte, que represente eles. Nós viemos sempre trabalhando muito para que consiga isso. Algumas vezes não consegue, aí é tirar lições rapidamente disso para no próximo passo dar uma resposta de imposição como demos hoje. (Globo Esporte)