Sempre estudei em escola pública e me lembro de alguns colegas dizerem que não iriam tentar uma faculdade porque a família não tinha condições de manter a pessoa durante a graduação. A condição financeira da minha família também era muito precária, tanto que recebíamos amparo de todas políticas sociais direcionadas a famílias de baixa renda, como bolsa escola, vale gás e depois o bolsa família. Mantive meu sonho de cursar uma universidade e com auxílio da política de assistência estudantil – que irei explicar a seguir – consegui me formar, fazer um mestrado e hoje sou professor na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
O que é a política de assistência estudantil?
Essa política foi criada para dar apoio aos estudantes de baixa renda, e assim, auxilia-los a cursar uma universidade. Através delas, são fornecidas bolsas de alimentação, moradia e permanência, entre outros auxílios. Os estudantes atendidos possuem uma renda per capita familiar baixa. Para você saber se enquadra dentro dela, basta somar a renda das pessoas da sua família e dividir pelo número de membros, se o valor for menor que 1,5 salários mínimos você pode sim ser contemplado pela política. Mas, é claro, a universidade sempre vai priorizar os estudantes mais necessitados de acordo com o número de vagas e orçamento existente.
Para o governo, essas políticas são um ótimo investimento, pois permitem realizar a inclusão social através da educação e, após formada, a pessoa que teve o apoio através da política com certeza terá uma produtividade maior, com melhores salários e com uma maior contribuição para sociedade através de serviços e impostos.
Como você pode saber quais políticas existem e como elas funcionam?
Cada Universidade possui um setor responsável pelas políticas de assistência estudantil, eles disponibilizam as documentações que são necessárias para que você possa pleitear as bolsas e auxílios. Em geral, as universidades federais possuem bolsa permanência, restaurantes universitários, bolsa moradia ou casas de estudantes. Em algumas delas, como é o caso da Universidade Federal de Santa Maria, são disponibilizadas mais de duas mil vagas na casa dos estudantes, em outras como a Universidade Federal de Mato Grosso, só existem cerca de 100 vagas e apenas em Cuiabá, não possuindo moradias nos campi do interior (Araguaia e Sinop), porém existe o auxílio moradia que ajuda pagar o aluguel. Por isso, é importante também pesquisar para saber quais políticas existem na universidade que você quer cursar. Algumas vezes você terá mais apoio em uma universidade longe de casa do que naquela que fica na mesma região que você mora.
Então, mesmo que você não tenha dinheiro, acredite nos seus sonhos, estude, se dedique e faça o curso e a universidade que você sonhou. O caminho pode não ser muito fácil, mas com certeza o resultado vai valer a pena.
*CAIUBI EMAUEL SOUZA KUHN é Geólogo, especialista em Gestão Pública e mestre em Geociências; Professor da Faculdade de Engenharia – Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) – Campus Várzea Grande; Doutorado em Geociências e Meio Ambiente (UNESP).