O Rio Coxipó Açu também importante para a formação do Cuiabá, fica localizado hoje, no distrito de Nossa Senhora da Guia (MT), povoada desde o século XVIII.
A região da Guia foi povoada desde o século XVIII, momento em que foram descobertas as Minas do Cuiabá, em cuja redondeza se estabeleceram núcleos menores que faziam às vezes de abastecedores da região cuiabana.
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O distrito possui uma área total de 1.203,6 Km2, com uma população de 3.438 habitantes. (Censo de 1992) e densidade demográfica de 1,85 habitante p/ km2.
Localiza-se na bacia fluvial do rio Cuiabá, entre a sua margem esquerda e a do seu tributário, o rio Coxipó-Açu. A primeira denominação dada ao Coxipó-Açu foi Coxipó-Guaçu, e acredita-se ser de origem indígena, dos índios Coxiponés.
Sua rede hidrográfica é composta pelos seguintes cursos d’água: rios Cuiabá, Coxipó-Açu, Bandeira, Machado; ribeirões: Forquilha, Taquaral, Tucum, Baús, Dois Córregos e os Córregos Soberbo, Forte, Ouro, Machadinho, Capão do Caju, Fundão, Coivara e o Córrego Boi de Pena.
Pelo aspecto sociocultural, Nossa Senhora da Guia (MT) se situou em um dos pontos principais do famoso caminho que seguia para as Minas de Diamantino. O tráfego constante de mercadores, os famosos tropeiros, que demandavam de Cuiabá (MT) às minas de Diamantino (MT) e vice-versa, incumbiu-se de fortalecer o povoado.
A economia da Vila se compôs da exploração garimpeira inicial e posteriormente, com a intensa agricultura. Esses fatores, provavelmente, foram os grandes convergentes migratórios da localidade, responsável pela formação de seus aglomerados urbanos e rurais.
Apesar da agressão sofrida ao longo desses anos, nota-se a beleza do rio Coxipó-Açu nas áreas onde a mata ciliar está conservada. A conservação e o uso adequados dos recursos naturais só serão alcançados, caso haja um esforço integrado dos diferentes setores da sociedade, em que a promoção e o incentivo de programas de educação e conscientização ambiental dessa sociedade amenizariam o impacto causado à população da fauna e da flora local, apesar de hoje contribuir com duas estações de tratamento de água potável para o abastecimento de água potável dos municípios de Cuiabá e Nossa Senhora da Guia, as estações Aguaçu e Guia.
Nesses rios, o povo ribeirinho vive refletindo a sua significação na população urbana por meio de seus artesanatos, pescas, lazer, festas de santos, que Hércules Florence assim observou:
Deslizando silenciosamente pelas águas do rio, à luz do luar ou iluminados por pequenas lamparinas a querosene, a partir daquela hora avançada da noite, quando não mesmo antes, começam a afluir à área do porto os canoeiros; nos meses de inverno, esses homens robustos e de excelente humor recobrem-se com uma espécie de chale ou manta e trazem, sob o típico chapéu de palha de abas viradas para cima, uma espécie de carapuça de fabricação própria, que lhes agasalha a cabeça e esconde as orelhas. (…). Em seu bojo vem o peixe que a população cuiabana tanto aprecia.
Essa vocação das águas dos rios Cuiabá e Coxipó de dar vida e contribuir para a formação das cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Nossa Senhora da Guia e outros municípios, foi importante para Cuiabá e, continua sendo, porque somente a água produz vida.
*NEILA MARIA DE SOUZA BARRETO é jornalista, escritora, historiadora e Mestre em História. É membro da Academia Mato-Grossense de Letras (AML) e do Instituto Histórico e Geográfico de Mato Grosso (IHGMT).
E-MAIL: neila.barreto@hotmail.com
CONTATO: www.facebook.com/neilabarreto.barreto1