A tornozeleira de Bolsonaro foi violada durante a madrugada - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press)

A Polícia Federal prendeu, na manhã deste sábado (22/11), o ex-presidente Jair Bolsonaro, em Brasília, após determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem de prisão preventiva foi expedida depois de a Polícia Federal relatar descumprimentos de medidas cautelares impostas ao ex-presidente desde a condenação por tentativa de golpe de Estado e pela participação na articulação de ataques às instituições democráticas.

Em um trecho da decisão, Moraes destaca que Jair Bolsonaro violou o uso de tornozeleira eletrônica e tinha “elevado risco de fuga”. O ex-presidente foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde ficará em uma sala de Estado, espaço reservado para autoridades como presidentes da República e outras altas figuras públicas.

“O Centro de Integração de Monitoração Integrada do Distrito Federal comunicou a esta Suprema Corte a ocorrência de violação do equipamento de monitoramento eletrônico do réu Jair Messias Bolsonaro, às 0h08min do dia 22/11/2025. A informação constata a intenção do condenado de romper a tornozeleira eletrônica para garantir êxito em sua fuga, facilitada pela confusão causada pela manifestação convocada por seu filho”, diz trecho da decisão do ministro.

De acordo com a investigação, Bolsonaro voltou a apresentar comportamentos que reforçam o risco de fuga, elemento que já havia sido citado por Moraes em decisões anteriores, quando o ministro determinou vigilância permanente e restringiu visitas ao ex-presidente.

Relatórios encaminhados pela PF indicam que, mesmo proibido de manter articulação política, Bolsonaro continuou a se comunicar por intermédio de aliados, incentivou mobilizações e manteve contatos com investigados nos inquéritos que apuram a tentativa de ruptura institucional.

A corporação também apontou que uma vigília organizada por apoiadores na porta do condomínio onde Bolsonaro mora em Brasília foi interpretada como tentativa de criar ambiente de instabilidade e pressão institucional, o que, segundo os investigadores, ameaça a ordem pública. Esse contexto pesou na decisão de Moraes, que já havia advertido o ex-presidente sobre o uso político de sua condição de réu e sobre a necessidade de observar rigorosamente as medidas impostas pelo STF.

A prisão preventiva se soma ao quadro de condenação de Bolsonaro, sentenciado em setembro a 27 anos e 3 meses de prisão por crimes relacionados ao golpe de 8 de janeiro e ao planejamento para impedir a transição democrática.

Nesta sexta (21/11), defesa alegou que o ex-presidente enfrenta problemas de saúde e deveria permanecer em regime mais brando, o Supremo entendeu haver elementos suficientes para impedir que ele continuasse em liberdade enquanto responde aos processos.

Bolsonaro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, onde passará por exame de corpo de delito e aguardará a realização da audiência de custódia. A defesa ainda pode apresentar recurso para tentar reverter a prisão. Procurada pelo Correio, a PF afirmou que apenas cumpre decisão judicial e que detalhes do mandado estão sob sigilo. A defesa do ex-presidente ainda não se manifestou.

(Por Jéssica Andrade)