Um artigo que reproduzi dias atrás provocou reações de toda ordem. Só não do principal alvo das críticas. Silêncio sepulcral. Talvez receio da opinião pública. Ou por estarem agindo nos bastidores… Quem sabe?!.
Depois da repercussão que teve o artigo, inesperada até por mim, inclusive quanto à minha exoneração do cargo de titular da GCCO, acreditei ingenuamente que as coisas podiam melhorar. Ou pelo menos não piorar. Infelizmente piorou. E muito.
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Quarta-feira, dia 10/03/2021, fomos surpreendidos com a informação que os ‘doutores da lei‘ do MPE/MT receberão um adicional salarial, vulgarmente chamado de ‘vale-covid‘, ou ‘auxílio-covid‘, de R$ 1 mil por mês. Os demais servidores do MPE/MT, recebedores de salários bem menores, subalternos, ganharão apenas a metade deles.
Por que, nobres cidadãos de bem e fiscais dos fiscais, os ‘doutores da lei‘ precisam de ‘vale-auxílio covid‘? E por que deve ser o dobro dos seus subalternos?
Lembremos que os demais seres comuns, você contribuinte, que fazem fila na Caixa Econômica Federal, embaixo de sol, receberam ano passado meros R$ 600 por mês, e não durou um ano. E este ano será algo em torno de R$ 250.
Para pagar esse auxílio, o Congresso Nacional está discutindo uma PEC (que significa uma espécie de ‘lei‘ para alteração da Constituição Federal, para quem não está familiarizado com essas siglas), que prevê inclusive redução de salário para os servidores do Poder Executivo, algo nunca visto em nosso país. Para o combate à pandemia, todos estão se sacrificando ou sendo sacrificados. Todos não, desculpem, só os demais que não fazem parte da elitizada instituição chamada MPE/MT, que anda na contramão dos interesses sociais nesses temas. Não só eles, como também, por exemplo, nossos políticos, que também não estão sendo afetados, ao menos em seus vencimentos, pela pandemia que estamos passando.
Voltando ao assunto tema deste artigo, vou dizer a vocês quanto esse benefício ‘vale/auxílio covid‘ custará aos cofres públicos: R$ 9,6 milhões por ano. Vou decifrar isso para aqueles que não conhecem tamanha cifra, e confesso que eu também não conheço. Nove milhões e seiscentos mil reais por ano. A título de comparação, os smartphones do MPE/MT custarão aos cofres públicos ‘meros‘ (percebam a ironia) R$ 2,3 milhões (dois milhões e trezentos mil reais) aproximadamente, mas de uma só vez. Daria uma excelente peça teatral tragicômica, não acham?
Eu gostaria que algum nobre representante dos ‘doutores da lei‘ do MPE/MT se manifestasse publicamente contrário a esse escárnio, em favor da moralidade e da sociedade. Aguardemos.
Finalizando. Eu tenho certeza que a instituição MPE/MT é demasiadamente importante para a sociedade mato-grossense e brasileira. Não tem como vivermos sem ela. Minhas críticas são para que alguém dali se indigne como toda a sociedade e torne a sua instituição ainda maior e mais aceita. Quem sabe, com isso, minha sementinha prospere e se transforme em uma árvore frondosa.
Que Deus nos ajude!
*FLÁVIO HENRIQUE STRINGUETTA é delegado da Polícia Civil de Mato Grosso e ex-coordenador da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO).