Por Domingos Kennedy
A Sondagem Industrial de março deste ano, divulgada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), revela um cenário desafiador para o setor industrial brasileiro. O estudo aponta que entre os principais problemas enfrentados estão a elevada carga tributária (33,3%), as altas taxas de juros (27,1%) e a demanda interna insuficiente (27,1%). Muito além das estatísticas, os números revelam uma clara falta de política de incentivo.
Ao todo, cerca de 30 itens foram atingidos pela elevação tarifária implantada no fim de 2024, como o dióxido de titânio, que é um insumo importante para diversas indústrias, como a de tintas, a de alimentos e a farmacêutica. Com essa medida, a alíquota para compra de produtos desta natureza no exterior sofreu um salto expressivo, passando de uma variação de 7,6% a 12,6% para 20%.
No Brasil, as importações de insumos e equipamentos industriais são duramente penalizadas. O governo, em vez de fomentar a produção, sobrecarrega os importadores com uma carga tributária pesada, o que encarece os produtos na ponta e diminui nossa competitividade. Um caso recente foi o aumento da tarifa sobre importação de produtos químicos, aplicada pelo Governo Federal, que impacta diretamente o custo de produção de diversas indústrias.
Ao todo, cerca de 30 itens foram atingidos pela elevação tarifária implantada no fim de 2024, como o dióxido de titânio, que é um insumo importante para diversas indústrias, como a de tintas, a de alimentos e a farmacêutica. Com essa medida, a alíquota para compra de produtos desta natureza no exterior sofreu um salto expressivo, passando de uma variação de 7,6% a 12,6% para 20%.
Esse é só um exemplo de como uma medida pode afetar diretamente a produtividade e capacidade de desenvolvimento das empresas, comprometendo o crescimento sustentável do setor. De forma global, as indústrias têm seus mecanismos de proteção e incentivos fiscais em todas as suas cadeias. No Brasil não pode ser diferente. Precisamos abraçar políticas que incentivem a produção local e reduzam a dependência de importações.
Em Mato Grosso temos exemplos claros de oportunidades perdidas. Nosso estado é o maior produtor de algodão, mas ainda exportamos matéria-prima sem agregar valor. Por que não termos aqui toda a cadeia do vestuário? Somos o maior polo madeireiro, mas não contamos com uma indústria de porte para produzir e exportar móveis. E, apesar de sermos sistematicamente o maior produtor de couro, ainda não temos fábricas modernas de sapatos e bolsas.
Com uma política comercial e industrial adequada, muitas dessas lacunas poderiam ser preenchidas, gerando empregos e renda. É claro que essa não é uma exclusividade de Mato Grosso. O Brasil todo é um país com enorme capacidade de desenvolvimento industrial, mas falta uma estratégia clara para transformar essa vocação em realidade. Isso inclui investimentos em logística, qualificação da mão de obra e redução da carga tributária.
Sem uma política industrial eficiente, o Brasil corre o risco de ver seu potencial ser desperdiçado. Aos empresários do setor, minha mensagem é clara: a união é essencial. Precisamos caminhar juntos, fortalecer nossas entidades representativas, mostrar à sociedade e aos governantes que a indústria gera emprego, renda, inovação e desenvolvimento sustentável. Não queremos favores, mas sim condições de competir em condições justas com o resto do mundo.
Domingos Kennedy é empresário e presidente da Associação das Empresas do Distrito Industrial de Cuiabá (AEDIC)
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