Entrar no mês de outubro é saber que ele deve ser rosa. Sim, o enfrentamento ao câncer de mama é um desafio proposto. A doença atinge a mulheres e homens. Todavia são elas as maiores afetadas.

Dentre as amigas que conheço e conheci, uma me ensinou, e muito, o valor e significado da vida. Falo de você, Adriana Catelli. A conheci em 2012, quando passei a fazer parte do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher. Adriana me apresentou um novo ‘ser mulher’.

Somos múltiplas, somos mulheres, e a cada segmento um olhar diferente. Adriana, professora, com amor e inteligência indescritível, representa mulheres mastectomizadas. Muito jovem contraiu a enfermidade. E buscou no seu ‘eu’ a fortaleza para combatê-la. Faz parte do amado MTMAMMA, organização que atende a mulheres, que chamam de assistidas, acometidas com o câncer de mama.

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Todos os assuntos tratados em reuniões do Conselho Estadual dos Direitos da Mulher nunca passaram pela Adriana sem que ela investisse o olhar da mulher mastectomizada. Com ela aprendi e entendi as adversidades enfrentadas emocionalmente e fisicamente, com a retirada das mamas. Passei a perceber que esse recorte merece uma enorme atenção.

“Vocês já pararam para pensar nos problemas internos e externos que nós passamos?” É, de fato, minha amiga.  As mamas representam para elas a autoestima, e, ainda, se constituem em um dos ‘símbolos’ da feminilidade. E como, muitas vezes, o companheiro recebe a notícia de que a parceira íntima não mais o terá? E o tratamento da doença? Sabemos, mesmo sem conhecimento médico, que são vários os tipos de tumores malignos a se instalar nas mamas femininas. As mulheres, pela vida cotidiana, pelo machismo estrutural e pela historicidade, aprenderam a ser cuidadoras. E quando quem precisa de cuidado, carinho e amor são elas, será que todas recebem? Entendem, todos os parceiros que elas estarão necessitando de tratamento especial e paciência nesta fase da vida?

Não precisamos passar pelas doenças ou outras situações que as mulheres estão adstritas, para compreender fatos reais. E no que diz respeito ao câncer de mama, aprendi essa máxima com a amiga Adriana.

O SUS tem prestado atendimento desmedido a elas. Entretanto, às vezes precisam de muito mais. Precisam resgatar o amor próprio perdido. Precisam entender que os cabelos, aliás, que todos os pelos podem desaparecer no decorrer do doloroso tratamento.

Precisam entender que o organismo sofrerá outras enfermidades com o tratamento medicamentoso forte. Nada é tarefa fácil. Com amor, carinho e compreensão, garanto, tudo fica melhor.

O rosa passou a ter um significado diferente em outubro. É justamente agora a oportunidade de entender, para o resto da vida, do que elas precisam e o que essa doença significa.

A você Adriana, todo o meu agradecimento… Por me ensinar um pouco mais do viver… E por você saber viver.

 

*ROSANA LEITE ANTUNES DE BARROS      é defensora pública do Estado de Mato Grosso.

CONTATO:                            www.facebook.com/goncaloantunes.debarrosneto