O mercado da carne, que andou estagnado por muitos anos, despertou como raio de sol em dia de céu limpo.
Nem os mais otimistas, nem os estudiosos e doutores em agronegócios apostariam em velocidade tão espantosa nas altas dos preços da arroba.

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Citando alguns fatores temos com maior ênfase: uma valorização do dólar, um rebanho diminuído pelo achatamento de preços, um mercado interno psicologicamente otimista e um novo mercado alcançado pelo Brasil. Neste último quesito se dê o devido crédito à ministra Tereza Cristina, sua equipe e à indústria frigorífica brasileira.
Provavelmente existam outros fatores, que somados aos citados, contribuíram para que os ajustes necessários aos preços do produto fossem alcançados.
Porém, não há dúvidas que o novo mercado, no qual em um único mês exportou 45.000 toneladas a mais, foi o grande impulsionador desta revolução. Foram cerca de 70 carretas a menos ofertadas por dia ao mercado nacional.
Se fatos têm provocado boatos ou se boatos têm provocado fatos, a verdade é que há um otimismo exagerado no ar.
Duas coisas são verdadeiras: primeira, todo mercado é finito. Segunda, não existe no bolso daquele que consome proventos infinitos.
Na última semana os preços recuaram forte na China e as vendas estão estagnadas. Notícias de que a China importará búfalo da Índia e proximidade de um acordo com Estados Unidos amedrontam importadores e precisam estar no radar da indústria brasileira. Se houver um recuo em preços, e se o dólar voltar apenas um pouco, será suficiente para os atuais preços da arroba trazer prejuízo para a indústria.
Toda commodities tem preços internacionais que se equilibram quando tem o mesmo mercado ( o que o Brasil não tinha).
Todo negócio feito acima disto é de risco e tende a não se sustentar.
Se tínhamos uma arroba pressionada, porque não havia mercados que pagassem, agora não temos mais este motivo.
Se temos preços acima dos internacionais, amanhã com certeza teremos fatores pressionando esses preços para baixo. Pensar em uma arroba de $50,00 é pensar razoavelmente em preços internacionais. Fazer negócios de reposição nestes níveis apresenta uma relativa segurança. Acima disto são apostas de jogadores que gostam de tomar riscos mais elevados.
A razoabilidade e o bom senso são parâmetros que vão assegurar estabilidade e rentabilidade. O Boi definitivamente alçou um novo patamar, e isto deve ser comemorado por produtores e pela indústria. Só uma pecuária forte, com lucros compatíveis com investimentos e com ganhos comparáveis aos grãos, poderá garantir a vida das indústrias e a pujança deste país de vocação agro.

*PAULO BELINCANTA é presidente do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo-MT)

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