Ganhar é bom. Ganhar da Argentina é melhor. Ganhar da Argentina em uma final de Copa foi a experiência que o torcedor brasileiro pôde viver neste domingo (5). Depois de 12 anos, a seleção verde e amarela voltou ao topo do mundo no futsal. O hexacampeonato veio com vitória sobre os grandes rivais por 2 a 1. Ferrão e Rafa Santos balançaram as redes argentinas, o goleiro Willian teve uma atuação épica, e a festa do Brasil tomou conta da Humo Arena, em Tashkent, no Uzbequistão.

Um dos pontos fortes do Brasil durante toda a campanha na Copa do Mundo, a defesa voltou a brilhar na grande decisão. A marcação forte suportou a pressão argentina, que começou ainda no primeiro tempo. Quando a bola passou, Willian fez questão de mostrar o poder dos goleiros brasileiros, com defesas fantásticas e uma atuação que fica marcada na história do futsal.

No ataque, ainda que tenho finalizado menos (61 a 34) e acertado menos o gol (26 a 11), o Brasil foi mais cirúrgico. Ferrão mostrou oportunismo ao completar cobrança de falta, e Rafa Santos contou com a sorte para mexer com o placar da final. Os dois lances, protagonizados por pivôs, aconteceram ainda na etapa inicial. Rosa só descontou nos últimos instantes, quando a Argentina já tinha acionado o goleiro-linha.

Rivais tradicionais no futsal, Brasil e Argentina nunca tinham se enfrentado na decisão da Copa do Mundo. As duas seleções até travaram duelo decisivo na última edição do torneio, em 2021, quando os argentinos venceram por 2 a 1 na semifinal. O título deste ano, importante por si só, foi também uma revanche para a seleção verde e amarela.

Campeão em 1989, 1992, 1996, 2008 e 2012, o Brasil não chegava à decisão da Copa do Mundo desde o último título conquistado, há 12 anos. A equipe brasileira caiu diante do Irã nas oitavas de final em 2016 e terminou na terceira colocação cinco anos depois. Se ficasse sem o troféu neste domingo, concretizaria o jejum mais longo da história da seleção de futsal em Mundiais.

A Argentina, por sua vez, disputou a terceira final consecutiva de Copa. Campeã em 2016, depois de vencer a Rússia, perdeu a decisão de 2021 para Portugal.

Jogadores do Brasil comemoram o hexa  Foto: Reprodução/vídeo

Como foi Brasil x Argentina

O Brasil foi à quadra com o goleiro Willian, Marlon, Marcel, o capitão Dyego e Rafa Santos na primeira formação. A Argentina começou com Sarmiento, Claudino, Brandi, Arrieta e Taborda. Logo no primeiro minuto da final, Dyego teve uma grande chance, mas parou em boa defesa de Sarmiento, que ficou caído e tentou frear o ímpeto verde e amarelo.

A Argentina queria ficar com a bola, mas o Brasil era rápido nos contra-ataques, chegava com perigo mais vezes e recebia o apoio da maior parte da torcida uzbeque. Ainda nos momentos iniciais da decisão, finalizações de Marlon, Rafa Santos e Ferrão passaram bem perto da trave adversária.

A superioridade verde e amarela foi premiada com gol de Ferrão, que completou uma cobrança de falta com 14 minutos restantes no primeiro tempo. O pivô, contudo, mal comemorou, porque sentiu incômodo na perna direita. Após o lance, logo na saída de bola, a Argentina tentou responder, mas Willian fez uma defesaça e mostrou o porquê de o Brasil ter sido tão pouco vazado na Copa do Mundo.

Em desvantagem no placar, os argentinos começaram a sair para o jogo e apertar a marcação, e Marquinhos Xavier colocou Pito em quadra. Melhor jogador do mundo, o pivô perdeu algumas partidas do Mundial por causa de lesão. O técnico brasileiro também pediu tempo e ressaltou a importância de os jogadores continuarem focados.

Pouco depois de entrar, Pito fez uma falta forte, e a Argentina pediu suporte de vídeo para definir a expulsão do craque brasileiro. A arbitragem, no entanto, optou por mostrar apenas o cartão amarelo.

Mesmo que tentassem criar mais chances e dessem trabalho para a construção de jogadas do Brasil, os argentinos não conseguiam levar tanto perigo a Willian. E, a sete minutos do fim da etapa inicial, a seleção brasileira ampliou a vantagem. Felipe Valério chutou, Sarmiento defendeu, mas a bola voltou em Rafa Santos e entrou: 2 a 0.

Na contagem regressiva até o intervalo, o Brasil teve menos a bola, cometeu erros e sofreu pressão. Uma atuação inspirada de Willian, porém, impediu a Argentina de descontar. O goleiro fez defesas de todo tipo e vibrou em cada uma delas.

O segundo tempo já começou com outras grandes intervenções de Willian. Ciente de que precisava balançar as redes rapidamente, a Argentina tentava finalizar em todas as oportunidades que tinha. O Brasil buscava contra-ataques e lances velozes. Aos poucos, também começou a levar perigo para a meta adversária, mas sem converter as chances em gols.

Conforme os minutos passavam, a Argentina aumentava a pressão, e os brasileiros procuravam caminhos para escapar dela. Mais uma vez, Marquinhos Xavier usou o tempo técnico a que tinha direito e bateu papo com os jogadores. Pediu, sobretudo, para que a bola não chegasse com frequência aos pivôs argentinos.

Com pouco menos de sete minutos para o fim da partida, a Argentina pôs Gauna como goleiro-linha para ter superioridade numérica no ataque. Apesar de rodar bastante a bola, a seleção albiceleste esbarrava na forte marcação, muito dedicada, mas também arriscada. O Brasil chegou ao limite de cinco faltas coletivas ainda com quatro minutos cronômetros. Se a equipe verde e amarela cometesse mais uma infração, a Argentina teria um tiro livre para cobrar.

O grupo que levou o Brasil ao hexa

  • Goleiros – Guitta, Diego Roncaglio e Willian
  • Fixos – Marlon e Neguinho
  • Alas – Dyego, Leandro Lino, Felipe Valério, Arthur, Marcel e Marcênio
  • Pivôs – Ferrão, Pito e Rafa Santos
  • Técnico – Marquinhos Xavier

Campanha do Brasil na Copa do Mundo de 2024

(GE)