Há o ditado de que a “primeira impressão é a que fica”, embora dificilmente esse dito se aplique ao futebol. A do “novo São Paulo”, contudo, é ruim e faz o torcedor lembrar dos velhos problemas da temporada passada. Em campo, o placar de 0 a 0 com o Ituano terminou com vaias no Morumbi. A análise é de José Edgar de Matos. Confira:

Na primeira partida pelo Paulistão, o Tricolor levou a campo uma equipe renovada, com três reforços entre os titulares: o goleiro Rafael, o meia-atacante Wellington Rato e o atacante Pedrinho. O primeiro trabalhou pouco, o segundo buscou bastante o jogo e o terceiro viveu noite infeliz.

O Tricolor oscilou entre bons e maus momentos. O início positivo, com insistência nas jogadas de um contra um pelas pontas e velocidade deram o tom. Chances foram criadas, mas os conhecidos problemas de conclusão reapareceram.

Apesar do 0 a 0, o panorama do jogo mudou de um tempo para o outro. O São Paulo terminou a primeira etapa criando e desperdiçando chances; nos 45 minutos finais, entretanto, viu-se um time pouco criativo e errando tecnicamente (de passes simples a tomadas de decisões), como em muitos momentos no ano passado.

O São Paulo da estreia insistiu nos cruzamentos (foram mais de 30) e errou muito no momento de finalizar a gol. Das 18 finalizações, apenas quatro foram defendidas pelo goleiro Jefferson Paulino. O time chutou oito bolas para fora do gol e ainda teve bloqueado mais seis arremates.

Segundo as estatísticas do scout da Globo, o time tricolor não conseguiu produzir nenhum passe decisivo durante os 90 minutos contra o Ituano. Algo que reflete a criação limitada, algo justificável para um primeiro compromisso de temporada.

Rogério Ceni viu uma equipe ainda longe do ideal na parte técnica. O treinador quer um atacante de velocidade, algo necessário diante das características apresentadas por Wellington Rato e Pedrinho, titulares no ataque logo na estreia pelo clube.

– O primeiro tempo foi melhor que o segundo, o time estava mais descansado, tivemos o controle do jogo como um todo, mas poucas oportunidades claras. Temos de melhorar neste sentido, melhorar qualidade de passe, velocidade de passe, agrupar mais o lado em que fizermos as jogadas – analisou.

Ceni tentou Luciano como meio-campista, flutuando, mas testemunhou uma atuação abaixo do esperado do camisa 10. O meia são-paulino encontrou poucos espaços pelo meio e errou muito em tomadas de decisão, algo também visto em 2022.

Ainda é início de trabalho, e Luciano tem surgido como alteativa na armação para justamente mudar esse cenário de um time pouco criativo. É um encaixe ainda a ser ajustado para o novo São Paulo apagar impressões ruins do velho tricolor do ano passado.

– Luciano jogou como segundo atacante a temporada toda. O que ele mais gosta? Flutuar para construir. Não vejo problema de ele fazer essa construção e jogar como segundo atacante, ele faz o mesmo sistema. Para ele não muda muita coisa. Ele está no meio, se degasta menos, não vejo problema nisso – disse.

Rogério Ceni disse entender as vaias dos torcedores do São Paulo logo no primeiro jogo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Rogério Ceni disse entender as vaias dos torcedores do São Paulo logo no primeiro jogo — Foto: Rubens Chiri / saopaulofc.net

Durante a semana que antecedeu a estreia, Ceni disse que ainda não via esse elenco do São Paulo “com a sua cara”. Há necessidade de reforços na visão do treinador, mas pouco dinheiro em caixa para grandes investimentos.

Mesmo assim, o treinador recebeu seis novos nomes na comparação com o time de 2022, embora tenha perdido 12 jogadores, alguns importantes como Patrick e Reinaldo.

É com este cenário que Ceni tentará tornar um São Paulo novo na comparação com o do ano passado. Na estreia, a imagem foi parecida com a do time que terminou questionado a temporada passada.

Até as vaias, algo ocorrido na reta final de 2022, reapareceram logo na primeira exibição de 2023. Foi um “velho-novo” São Paulo. (GE)