Mais um capítulo da transformação do Botafogo em empresa está em curso. Depois de analisar o novo projeto, o presidente Durcesio Mello enviou ao Conselho Deliberativo na quarta-feira ofício em que pede a convocação de uma Assembleia Geral Extraordinária para apreciação da proposta, que sofreu alterações.
No documento, o mandatário enumera algumas condições mínimas para os investidores e também parâmetros para os fundos interessados investirem no clube, entre eles arrecadação mínima de R$ 550 milhões. Quem acompanha o projeto espera que até 80% da dívida possa ser renegociada.
O projeto articulado pelo economista Gustavo Magalhães provocou divisão em General Severiano nos últimos meses. Enquanto uma parcela pressionava para a continuidade da S/A, outra parte, incluindo a nova diretoria e o CEO Jorge Braga, abordava o assunto com cautela e pregava a necessidade de algumas mudanças. Antes, a avaliação interna era de que ainda não havia garantias financeiras e jurídicas para o clube e para possíveis investidores.
O executivo já havia citado pilares que deveriam constar no projeto. “Credibilidade de quem o conduz; segurança jurídica e financeira para investidores e Clube; destinação específica e clara de recursos para o futebol (profissional e base); e retorno atraente para investidores profissionais e individuais”, citou em nota oficial recente.
Além disso, essa “versão 2” da S/A liderada por Gustavo não é a única alternativa. O documento entregue ao conselho não prevê exclusividade, e sim diretrizes que o trabalho precisa seguir a partir de agora. Ou seja, tanto o novo projeto pode sofrer mais mudanças como outras opções podem tomar a frente, desde que sejam bem avaliadas.
Além das duas metas acima, há também questões esportivas, envolvendo prazos e uso da marca. A proposta enviada para o conselho envolve passar para terceiros os ativos do futebol, como cessão de direitos dos jogadores e uso de instalações.
Há também cláusulas previstas para a rescisão, caso seja necessário. O clube não permite que investidores mudem cor do uniforme e nem o escudo, por exemplo. Além disso, são estipuladas metas esportivas, como conquista de campeonatos. Voltar à Série A, é claro, está no centro das atenções no momento.
Em caso de aprovação do projeto, uma empresa seria autorizada a buscar novos investimentos para o clube. Concluída essa etapa, o Botafogo criaria a S/A para vendê-la aos investidores.
A mesa diretora do Conselho Deliberativo irá se reunir nesta quinta-feira para organizar a logística da convocação da Assembleia em meio à pandemia de Covid-19. Se aprovado o projeto de captação dos recursos, a empresa responsável terá seis meses para reunir os investidores.
O atual projeto da S/A tem duas frentes: um Fundo de Investimento em Participações (FIP) e um Fundo de Investimento em Cotas de Fundos de Investimento de Mercado (FIC-FIM). O FIP receberia o aporte de um investidor estratégico que poderia ser majoritário. O FIC-FIM captaria investimento para o FIP e seria aberto para qualquer pessoa física. O objetivo é atrair torcedores para ajudar na reconstrução do Botafogo.
Mesmo antes da aprovação da diretoria e dos conselheiros alvinegros, o site da Áureo Investimentos, que tem Gustavo como um dos sócios, exibe informações iniciais sobre o fundo Estrela Solitária S/A. Com nome em inglês, “Lone Star”, apresenta duas opções de oferta com a promessa: “Em breve”. (Globo Esporte)