A fotossíntese permite plantas obterem alimento a partir da energia solar e gás carbônico. Pela primeira vez, pesquisadores do Japão conseguiram fazer células animais realizarem esse processo físico-químico. O feito foi registrado em 1º de outubro no jornal Proceedings of the Japan Academy.

A partir de algas vermelhas, os cientistas extraíram cloroplastos, organelas responsáveis pela fotossíntese, e os inseriram em células de hamsters. Assim, observaram que a ação fotossintética se manteve por pelo menos dois dias.

Células animais hospedeiras para os cloroplastos foram cultivadas a partir da linhagem celular CHO-K1 comumente usada, que originalmente veio de uma fêmea de hamster chinês — Foto: Simol1407/ Envato Elements
Células animais hospedeiras para os cloroplastos foram cultivadas a partir da linhagem celular CHO-K1 comumente usada, que originalmente veio de uma fêmea de hamster chinês — Foto: Simol1407/ Envato Elements

“Até onde sabemos, essa é a primeira detecção relatada de transporte de elétrons fotossintéticos em cloroplastos implantados em células animais”, disse Sachihiro Matsunaga, professor da Universidade de Tóquio, no Japão, e autor da pesquisa, em comunicado.

Os cientistas pensaram que os cloroplastos seriam digeridos pelas células dos animais horas depois de serem introduzidos, porém, eles continuaram a funcionar. Além disso, ocorreu o transporte de elétrons da fotossíntese.

Utilidade para estudos no futuro

As células animais capazes de fazer fotossíntese podem ser úteis para engenharia de tecidos artificiais. Essa área de conhecimento enfrenta um desafio: órgãos sintéticos, carne artificial e folhas de pele são feitos com múltiplas camadas de células. Com isso, eles não conseguem aumentar de tamanho devido a baixos níveis de oxigênio nos tecidos.

“Ao misturar células [animais] em cloroplastos, o oxigênio pode ser fornecido às células por meio da fotossíntese, por irradiação de luz, melhorando assim as condições dentro do tecido para permitir o crescimento”, explica Matsunaga.

Os cloroplastos (à direita) neste estudo foram retirados de um tipo de minúscula alga vermelha (que nem sempre é vermelha, apesar do nome) chamada Cyanidioschyzon merolae (à esquerda). A alga veio das fontes termais ácidas de um vulcão perto de Nápoles, Itália — Foto: R. Aoki, Y. Inui, Y. Okabe et al. 2024/ Proceedings of the Japan Academy, Series B
Os cloroplastos (à direita) neste estudo foram retirados de um tipo de minúscula alga vermelha (que nem sempre é vermelha, apesar do nome) chamada Cyanidioschyzon merolae (à esquerda). A alga veio das fontes termais ácidas de um vulcão perto de Nápoles, Itália — Foto: R. Aoki, Y. Inui, Y. Okabe et al. 2024/ Proceedings of the Japan Academy, Series B

As células dos hamsters modificadas foram chamadas de células “planimais”. Essas estruturas tinham uma taxa de crescimento maior, indicando que as organelas forneciam uma fonte de carbono para essas células.

“Esperamos que as células planimais sejam células revolucionárias e que, no futuro, possam nos ajudar a alcançar uma ‘transformação verde’ para uma sociedade mais neutra em carbono”, disse o pesquisador.

(Redação Galileu)