Minha recente viagem pela Califórnia teve como destino final o Vale do Silício, o coração da era tecnológica da informação. Apesar de já ter visitado o estado californiano anteriormente, somente agora realizei mais esse sonho.
Para mim, foi uma visita especial, já que estive acompanhado da família, sendo que, para o meu filho caçula, Tulio Gomes Vuolo, foi de extraordinário valor, por ele ser estudante de Ciência da Computação na PUC, do Rio de Janeiro.
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O Vale do Silício tornou-se o epicentro de uma revolução que, desde os anos 1950, vem transformando hábitos e sobretudo mercados no mundo todo. É composto por várias cidades localizadas ao sul da Baía de San Francisco, como Palo Alto, Santa Clara, San José, Campbell, Cupertino, Fremont, Los Altos, Los Gatos, Menlo Park e várias outras. Ali estão localizadas várias das maiores empresas de tecnologia da informação como Facebook, Google, Apple, Intel, Hewlett-Packard, Twitter, Netflix, Microsoft, Dell, Linkedin, Samsung, Pixar, Amazon, dentre outras. Apesar das restrições em determinados lugares, visitei três dessas empresas, Facebook, Google, Apple, além da renomada Universidade de Stanford, de pesquisa privada, um dos maiores centros de atividade startup do mundo.
A Facebook, que fica na cidade de Menlo Park, está ampliando a sede da empresa com um edifício totalmente sustentável de 430 mil metros quadrados. A área, em fase final de acabamento, impressiona pelo espaço verde protegido com sequoias de 12 metros de altura, que se conecta a outro edifício.
Com um terraço-jardim de 3,6 acres e mais de 200 árvores, o prédio se conecta ao ar livre e foi projetado para promover o trabalho colaborativo em equipe, aparente liberdade e um clima de motivação permanente entre os funcionários.
Já a Google, está situada na cidade vizinha de Mountain View. Em 2013, iniciou-se um projeto de expansão para um novo campus conhecido como Googleplex.
Ao todo, a área do Googleplex possui 518 mil metros quadrados com 290 mil metros quadrados de área construída. As áreas de trabalho das divisões não são abertas à visitação. Mas, pude absorver outras coisas como a enorme preocupação ambiental. Os funcionários podem utilizar bicicletas ou carros elétricos da companhia para se deslocar entre os 45 prédios da empresa.
Apesar do gigantismo, a irreverência predomina na Google, dando um ar universitário com tudo bem sinalizado. Nos jardins existem mesinhas e cadeiras com as cores da Google, um robô Android gigante e até esqueleto de dinossauro.
Lá é o funcionário que faz a sua hora de trabalho de acordo com o seu ritmo biológico, afinal tem pessoas que preferem trabalhar à noite e lá isso não é um problema.
A última empresa visitada foi a Apple, cuja sede está na cidade de Cupertino. O que mais chamou atenção foi a nova estrutura arquitetônica de 4 andares denominada Apple Park.
Ela tem forma circular, lembrando a clássica ideia de um disco voador que acabou de pousar. A área possui 71 hectares, com 260 mil metros quadrados, tem capacidade para 13 mil funcionários. O gênio Steve Jobs queria que o campus inteiro parecesse menos como um parque de escritórios e mais como um refúgio natural.
Hoje, 80% do local possui espaços verdes plantados com árvores e plantas nativas da área de Cupertino. Tido como um dos últimos projetos tocado pelo próprio Steve Jobs pouco antes da sua morte, o Apple Park é um complexo que custou 5 bilhões de dólares e oferece aos seus funcionários uma paisagem com 9 mil árvores, duas pistas de corrida, campo de golfe, seu próprio pomar e até uma lagoa. Por ter solo fértil, espécies frutíferas como ameixas fornecerão comidas frescas para os seus Macs Caffé.
Se a preocupação com o meio ambiente é prioridade número um do Vale do Silício, nada mais justo, do que os munícipes desfrutarem de um transporte ecologicamente correto. Apesar dos EUA serem o país do automóvel, toda a região do Vale do Silício é bem servida por ferrovia.
A estrada de ferro “Peninsula Corridor” (Corredor da Península) é o principal trajeto que liga San Francisco a San José. São 76 km, com 26 estações nos trilhos da península vibrante da Califórnia, que permitem todo o conforto e rapidez aos seus usuários.
Essa região está no centro da Revolução 4.0, ligando universidades e empresas, todas elas funcionando como grandes centros de pesquisas. Afinal, este século será o início da Era da Inteligência. Os países que não investirem em ciência e pesquisa tecnológica estarão fadados a viverem na pobreza e na dependência.
Indústrias com chaminés altas e poluentes são parte do passado. Agora as indústrias são as de serviços, turismo e biotecnologia. Grande parte do lucro do agronegócio, por exemplo, vem da ciência da computação e da biotecnologia. O Brasil ainda não perdeu o bonde da história, podemos recuperar esses anos perdidos investindo em nossas universidades, nos jovens cientistas e pesquisadores, nas empesas que eles podem gerar e gerir.
*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.
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