Depois de cruzar a costa italiana foi chegado o momento de conhecer o litoral sul da França. Essa parte do Mar Mediterrâneo corresponde a Costa Azul (Côte D’Azur) que se estende até a fronteira com a Itália.

Também chamada de Riviera Francesa, esta região é considerada uma das mais luxuosas, caras e sofisticadas do mundo.

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Nice é o maior balneário da costa mediterrânea, quinta maior cidade da França e segundo aeroporto mais movimentado do país. Foi fundada pelos gregos e colonizada pelos romanos. Até a Segunda Guerra, a cidade foi a favorita dos aristocratas, inclusive da viúva do czar Nicolau I e da rainha Vitória, no período final do século XIX.

Esse brilhante passado contribuiu para que Nice se tornasse a capital da Côte d’Azur. Tem bons museus, boas praias e uma atmosfera de vida agradável nas ruas. Seu carnaval tem 18 dias, terminando na Terça-Feira Gorda, com fogos de artifício e a Batalha das Flores. Trata-se do espetáculo principal do Carnaval de Nice. Foi criado em 1876 pelo alemão Alphone Karr. Carros alegóricos cobertos de todos os tipos de flores desfilam pelas ruas da cidade… Contrariamente ao Brasil, o carnaval de Nice acontece no inverno.

O próximo destino foi a cidade de Éze, pendurada acima do Mediterrâneo. Todos os verões, milhares de turistas passam pelo portão fortificado do século 14, aglomerando-se por suas ruas estreitas. No alto da cidade, observando as ruínas do château, pude rememorar que naquela pista, próximo dali, em 14 de setembro de 1982, morreu num acidente a princesa Grace Kelly, quando ia da casa de praia ao palácio. O carro se desgovernou numa curva, caindo num penhasco de 40 metros.

A próxima parada foi em Grasse, a capital dos perfumes na França. Está a 40 km de Nice sobre montanhas e entre belas paisagens da Provence. As rosas, os jasmins, os lírios e as outras tantas flores que crescem em Grasse alimentam a indústria da perfumaria desde o século XVI. Vários produtores inspiraram perfumes famosos de marcas como Chanel, Dior e Givenchy. Visitei a Fragonard, uma das mais antigas fábricas de perfume, criada em 1926, onde tive a oportunidade de percorrer todas as etapas da produção de uma fragrância.

Finalmente, cheguei a Mônaco. Ao avistar os seus arranha-céus de hoje é difícil imaginar a turbulência de sua história. Primeiramente, uma colônia grega, depois tomada pelos romanos, foi comprada dos genoveses em 1309 pelos Grimaldi, que apesar das amarguras lutas familiares e pelo menos um assassinato político, ainda reinam como a monarquia mais antiga do mundo. Mônaco deve a sua fama ao Cassino. Fonte de incontáveis lendas, foi instituído em 1856 por Carlos III, para salvar-se da falência. É chamado de Cassino Monte Carlo em sua homenagem. O negócio foi tão bem-sucedido, que 1870, Carlos pôde livrar seu povo de impostos. Entre o fim do século XIX e o começo do XX tornou-se uma zona da moda, particularmente entre as classes altas britânicas, tendo o próprio estadista Winston Churchill como frequentador. Hoje, Mônaco é um paraíso fiscal para milhares de pessoas e seus moradores tem uma das maiores rendas per capita do mundo.

Por ser uma região muito rica poderia se dizer que só o automóvel seria o suficiente para suprir as necessidades de mobilidade urbana. Ledo engano! Como os congestionamentos são frequentes os trens de superfície foram a solução. Você pode viajar da estação Nice Ville e chegar à estação Monte Carlo de trem, sem estresse e com muito conforto. O trajeto entre as duas cidades é direto e feito a bordo dos trens de alta velocidade Thelo ou por SNCF, por apenas 2,50 euros. Existem disponíveis 52 trens por dia.

A ferrovia é tão valorizada na França que você pode ir de Nice para Milão por 15 euros ou Nice para Paris por 19 euros. Você ainda pode fazer um passeio maravilhoso pela costa, entre Marselha, Nice, Gênova e Milão.

Alguns podem até dizer que ali o trem reina porque são países ricos, desenvolvidos. Enganam-se os que pensam assim. A estratégica opção pelo transporte ferroviário, dentro das cidades e entre elas, é uma das colunas vertebrais do desenvolvimento desses países. Quem sabe um dia a gente descubra isso também!

*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.

CONTATO:  www.facebook.com/vicente.vuolo 

Por ser uma região muito rica poderia se dizer que só o automóvel seria o suficiente para suprir as necessidades de mobilidade urbana. Ledo engano!