Após quase quatro anos, Nenê está de volta ao Vasco. No começo da tarde desta quarta-feira, o meia concedeu entrevista e, assim como o técnico Fernando Diniz em sua apresentação, deu um discurso forte exaltando a grandeza do clube e sua torcida.
– O Vasco é diferente para mim, é o clube que abriu as portas do Brasil para mim. Todos pensavam que eu estava para me aposentar, vinha para roubar e ganhar dinheiro. E o Vasco foi o clube que apostou em mim e voltei a ser o Nenê dos tempos de Santos e Palmeiras.
Nenê vai vestir a camisa número 77 no Vasco — Foto: Rafael Ribeiro / Vasco
– Muitos jovens na época nem tinham me visto jogar. E o Vasco me deu essa possibilidade. Ganhei esse reconhecimento depois que cheguei ao Vasco. Representa muito para mim.
A negociação com o Vasco, segundo Nenê, foi muito rápida. O meia rescindiu com o Fluminense, com o qual tinha contrato só até o fim desse ano, e assinou com o time de São Januário até dezembro de 2022. Segundo ele, a contratação de Fernando Diniz acelerou o processo.
– Foi rápido. Chegou o momento decisivo, a coisa começou a esquentar. Conversei com o Fluminense, dois dias depois a gente estava resolvendo e ontem (terça) mesmo assinei a rescisão 17h30 e 18h30 estava assinando com Vasco. Depois que chegou o Diniz, a coisa andou. Acelerou, ele gosta do meu trabalho.
O jogador ressaltou a sua identificação com o novo clube.
– Muito feliz e motivado de voltar a um dos clubes do Brasil que mais me identifiquei e fui feliz. O Vasco é um gigante e sempre será o Vasco. Venho para somar e ajudar o time a conquistar esse objetivo de voltar à Série A.
No momento, o time carioca tem 32 pontos e é apenas o 10º colocado da Série B. Está oito pontos atrás do quarto colocado, o CRB, seu adversário desta quinta-feira, às 19h, em Maceió. Nenê, regularizado, tem chance de estrear nesse confronto.
– Eu estou à disposição. Estava jogando normalmente. Professor que vai decidir. Vou estar com o grupo e posso jogar.
– Com certeza acredito no acesso. Essa é a ideia, por isso eu vim. Time muito qualificado, treinador que conheço, encaixa muito com meu estilo de jogo e acho que vai nos ajudar muito. Ainda não vou falar de aposentadoria (risos). Não penso nisso ainda.
– A torcida é um dos grandes motivos. Essa paixão, carinho, respeito comigo. Isso motiva bastante, meus amigos, família. Todo mundo pedindo esse retorno. Me deixa muito feliz. Espero retribuir em campo.
– Eu adoro desafios. As pessoas imaginavam que eu iria me aposentar. Mas continuo motivado. Claro que não é a mesma coisa de antes. Estou com 40 anos, não é a mesma intensidade. Mas compenso com experiência. Venho com muita motivação. E a torcida foi um dos grandes motivos para eu voltar. Voltei pelo Vasco, pelo time, pela diretoria, pelo Diniz, mas principalmente por essa vontade da torcida.
– Foi algo incrível. Me alegrou bastante. Vi muitas coisas, memes. Esse respeito e admiração da torcida por eu ter jogado uma Série B e ter voltado para a Libertadores, é algo que a torcida não esqueceu. É a minha hora de retribuir essa confiança.
Depois da primeira passagem pelo Vasco, Nenê defendeu o São Paulo e o Fluminense. Foram três anos e oito meses até retornar. A contratação teve aval de Fernando Diniz, treinador com quem trabalhou por curto período no rival carioca. Em 2019, atuou em duas partidas antes de o técnico ser demitido.
Veja outros trechos da coletiva:
Reserva no Flu pesou para trocar de clube?
– Não é que pesou, mas é algo a se pensar. Estou já na parte final da carreira, últimos dois ou três anos…Pessoal se assusta quando falo três anos (risos). Mais dois, pelo menos. Com certeza muito melhor estar jogando. Foram várias coisas juntando em relação ao contrato, não decidia renovação lá, teve chance de voltar ao Vasco, esticando minha carreira. No Fluminense eu tinha até dezembro só. Vai colocando na balança. Isso foi um dos fatores (reserva), mas não primordial. Saí pela porta da frente, tendo respeito de todos, do torcedor. Isso é importante. Sou profissional e dou a vida ali.
Problema se ficar no banco?
– São coisas que teremos que lidar. Já tinha acontecido antes. É claro que vou querer jogar todas, ajudar o time, mas tem que ver o que é melhor para o time. É algo que vamos conversar, vai ser tranquilo e faremos o que for melhor para o time.
Parceria com Cano
– Para mim vai ser muito bom. A responsabilidade é menor. Não sou salvador da pátria. Não vou chegar e mudar tudo. Vou dar a vida pelo time, acredito que vou ajudar muito. Isso é bom para mim, para o time e para ele. O Cano é um cara muito inteligente, sabe fazer gol, se posiciona bem. Se Deus quiser vou passar muita bola para ele, e ele para mim.
Comparação com 2015
– Foi algo triste, mas também foi algo muito bom. A torcida já esperava cair, mas lutamos até o final. Ficamos quase 30 jogos invictos. A probabilidade matemática de subir nesse ano é um pouco melhor, eu acho. E pela qualidade do grupo, com trabalho de Diniz, as chances são melhores dessa vez.
Experiência para a garotada
– Base importante, tem que dar confiança para eles, tirar responsabilidade de resolver. Não é o melhor cenário. Minha posição é passar essa tranquilidade para eles, passar experiência. Sou igual eles. Tenho 40 anos, o Pec é novo, idade do meu filho, mas é tudo igual, profissional.
Contrato
– Não temos que pensar (em não subir). É claro que é uma possibilidade. Mas já está tudo conversado para o ano que vem. Se ficar na Série B é uma coisa, se subir é outra. Imagino que com outros jogadores também é assim.
Posicionamento
– Eu vinha jogando mais pelo lado esquerdo, como terceiro meia. Teve só um treino hoje. Ainda não dá para saber como vou jogar. Mas o Diniz é inteligente e sabe o melhor lugar para tirar o melhor do meu potencial. Sou um cara de criação, do passe final. Onde ele me colocar está tranquilo.
Camisa 77
– Meus números falam bem sobre isso. A 10 estava acostumado, a 77 eu adotei. Gosto muito. Que continue dando sorte para dar assistências e fazer muitos gols.
Top 5 entre artilheiros do Vasco no século XXI
– Fico muito orgulhoso e feliz. Não sabia. Estar no top 5 já é uma honra muito grande. Ter essa oportunidade de chegar ao pódio é outro motivo de motivação. É algo que não tem preço. (Globo Esporte)