Quis Deus na sua onipotente bondade que eu pisasse em solo italiano pela primeira vez pela Baía de Nápoles, conhecida por ser rica em história, artes, cultura, arquitetura, música e gastronomia. Fundada no século IX a.C., (há 2.800 anos) como uma colônia da Grécia Antiga, é uma das mais velhas cidades de todo o mundo.
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Segundo o mito, Nápoles deve as suas origens a sereia Partênope. Na mitologia grega, ela teria fundado a cidade Partênope, que mais tarde seria refundada como o nome de Neápolis (cidade nova) que é a atual cidade de Nápoles. As sereias eram ninfas que, com seu canto, enfeitiçavam os marinheiros, atraindo-os para a morte.
Depois dos gregos, os romanos a aprimoraram, tornou-se nos séculos seguintes um lugar cobiçado por diferentes invasores estrangeiros, como os normandos, a dinastia alemã dos Hobenstaufen, os franceses e os espanhóis.
A baía de Nápoles é um verdadeiro teatro a céu aberto, que mais parece cenário de cinema. De um lado, fica frente a frente com o Vulcão ativo mais famoso do mundo, o Vesúvio; de outro, o mar Mediterrâneo, onde repousam as belas ilhas Capri, Ischia e Procida. Filmes estrelados como O Talentoso Ripley, O Carteiro e o Poeta, Only You com Marisa Tomei, que em italiano se chama “Amor à prima vista” foram filmados nos arredores de Nápoles.
A música napolitana evidencia a grandeza da região. Praticamente, todas as canções e cantores italianos mais famosos no mundo são napolitanos. Vejamos apenas alguns: Gigi D’Alessio que vendeu mais de 20 milhões de discos; ator e cantor Massimo Ramieri; músico Roberto Murolo; Peppino Di Capri, o primeiro artista nacional a fazer sucesso com um twist na Itália; Enrico Caruso, considerado pelo ícone Luciano Pavarotti, o maior intérprete de todos os tempos. E as canções napolitanas o mundo conhece: Rose Rosse, O’ Sole Mio, il Surdato Nnammurato, Marechiaro, Anema e Core, Core’ngrato, Funiculi Funiculà, Malafemmena, I’Te Vurria Vasà.
Os muitos palácios, igrejas e mosteiros do centro de Nápoles concentram-se em poucas ruas. Conheci alguns, como o Castel Nuovo (o castelo já foi a principal residência real) também conhecida como Maschio Angioino, fortaleza angevina construída por Carlos de Anjou de 1279 a 1282. A Galleria Umberto I impressiona pelo lindo teto de vidro no interior. É um antigo ponto de encontro dos moradores elegantes da cidade, erguida em 1887 e reconstruída após a Segunda Guerra Mundial. Seus belos arcos ficam em frente àmaior ópera da Itália: o Teatro San Carlo, construído por Carlos de Bourbon em 1737.
Ao desbravar as ruelas me deparei com uma pizzaria tradicional da cidade. Um lugar aconchegante, “Il Pomodorino”, apropriado para degustar a pizza napoletana considerada a melhor do mundo. A Margherita foi a pedida, afinal é a mais famosa e deliciosa.A receita original da pizza “Margherita” foi concebida há mais de um século, na própria cidade de Nápoles, criada pelo pizzaiolo Raffaele Esposito em 1880 para celebrar a ida da então rainha da Itália, Margherita de Savoia e seu marido, Humberto I, à cidade. Os ingredientes utilizados foram mozzarella de búfala, tomate e manjericão, cujas cores fazem referência à bandeira da Itália.
Como neto de italiano, sentado na mesa ao lado da minha companheira de 29 anos, Sandra, observando as pessoas e o simpático proprietário da Il Pomodorino, não contive a emoção ao relembrar a minha descendência italiana. Pude voltar ao tempo e agradecer a Deuspelos momentos que tive com o meu avô Francisco Palmieri Vuolo, comerciante, cuja loja estava situada na Rua do Meio, uma ruela no centro histórico de Cuiabá. Numa das visitas a sua loja e de muito olhar a prateleira da sua loja ganhei de Vovô Chico uma lanterna pequena, um sonho de consumo na época (naquele tempo a luz era para poucos).
Sinto-me no dever de compartilhar o prazer de viajar, de conhecer novos lugares, as culturas de nosso povo diverso e espalhado nesse planeta que fica na periferia da Via Láctea. Deveríamos mesmo nos considerar um povo só, rico em diversidade e em cores, mas filhos do mesmo criador.
Olho as cidades que visito com Sandra e sempre penso em nossa Cuiabá. Não comparo, mas percebo que podemos ganhar muito reconhecendo nossa diversidade cultural e potencializando-a, promovendo melhor nossa gastronomia, nossa cultura, nossas artes e nossa paisagem por meio do desenvolvimento do turismo e do empreendedorismo.
*VICENTE VUOLO é economista, cientista político e coordenador do Movimento Pró VLT Cuiabá-Várzea Grande.
CONTATO: www.facebook.com/vicente.vuolo