Afastado do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT) por mais de três anos, o conselheiro Antonio Joaquim retornou ao órgão na manhã desta terça-feira (23). No discurso, com críticas aos ex-governadores Silval Barbosa (sem partido) e Pedro Taques (SD), ele disse ter sido vítima de uma rancorosa e maldosa trama.  Em 2017, o conselheiro foi afastado após ser citado na delação de Silval, por suposto recebimento de propina, no valor de R$ 53 milhões, para não dificultarem as obras da Copa do Mundo de 2014.

“Confesso que há dias estou me debatendo com dois sentimentos distintos, quase antagônicos: de alívio, por ter recebido a notícia de que, finalmente, a justiça começa a ser restaurada; e de revolta, por ver escancarada uma certeza que sempre tive ao longo desses mais de três anos de afastamento, a de ter sido vítima de uma rancorosa e maldosa trama”, disse.

“De um lado, pesou a vingança ardilosa do então ex-governador Silval Barbosa, contra a minha atuação sempre vigilante e fiscalizadora – apontando publicamente suas mentiras ao povo de Mato Grosso sobre obras que não ficariam prontas a tempo de seu uso (…) Somente a esse fato deduzo a sua torpe motivação para a citação do meu nome na delação dos seus confessados crimes”, completou.

Antônio Joaquim também fez duras críticas a Taques relembrando que poderia ter concorrido a eleição para o Governo do Estado em 2018. No entanto, Taques não assinou o pedido de aposentadoria do conselheiro para que se desligasse do cargo, sendo um possível adversário no pleito.

“De outro, pesou a mente raivosa do então governador Pedro Taques, que, em conluio com seu ex-colega procurador Rodrigo Janot, não mediu consequências para livrar-se de um possível adversário nas eleições de 2018”, pontuou.

Segundo o conselheiro, ele e os outros colegas que também foram afastados, sofreram uma pena antecipada, sem nenhum julgamento. “Sempre entendi que uma das maiores violências que se pode cometer contra um ser humano é a injustiça. Por isso, durante esses longos três anos e cinco meses, bem além da suspensão da função de julgador de contas públicas, senti-me ainda mais violentado por essa monstruosa injustiça”, apontou.

“Mas finalmente, cá estou eu, cansado, porém em pé e com a cabeça erguida (…) Cabe-me, todavia, uma missão: continuar de onde nunca deveria ter sido retirado. E juntar, aos poucos, os cacos da minha reputação que ficaram pelo caminho. Sou um democrata, um republicano, um homem que respeita as instituições e continuo acreditando na Justiça”, finalizou.