As munições apreendidas na operação Canguçu, nesta segunda-feira (17), são comuns em guerras e de uso restrito das Forças Armadas. A informação foi repassada ao g1 pelo delegado Evaldo Gomes, chefe da Delegacia Especializada em Investigações Criminais de Palmas.

O material estava sendo usado por criminosos que fugiram para o Tocantins após aterrorizar a cidade de Confresa (MT).

Entenda cada passo da quadrilha e o operação montada pela polícia no Tocantins

O grupo criminoso está escondido em um trecho da Ilha do Bananal, a maior ilha fluvial do mundo. Até esta terça-feira, dois suspeitos tinham sido mortos e um, preso, após troca de tiros com policiais.

As armas, munições, granadas, coletes e outros equipamentos apreendidos foram abandonados pelo grupo, às margens do rio Javaés, perto do Centro de Pesquisa Canguçu, da Universidade Federal do Tocantins (UFT). A suspeita é que eles deixaram o material para trás após um confronto com a polícia.

O delegado informou que ainda não se sabe a quantidade exata dos materiais apreendidos, mas o tipo de armamento chamou a atenção da polícia.

“Tem itens como fuzis para munição antiaérea, tem munição para outros tipos de fuzis, munição utilizada em guerra, material balístico, como coletes à prova de balas, roupas, capacetes, muita coisa”, explicou o delegado.

As munições encontradas foram as de calibre 556, 762 e .50.

“Essas munições 556 e 762 são próprias para utilizar em armamento exclusivo das Forças Armadas, armamento de uso restrito. São geralmente utilizadas em guerras pela Infantaria. Já a munição .50 é antiaérea, foi feita para derrubar aeronaves”, afirmou Evaldo.

Cerca de 350 policiais de cinco estados estão na região para prender os criminosos. A força-tarefa conta com o apoio de aeronaves, embarcações, drones e cães farejadores. O cerco abrange os municípios de Pium e Marianópolis do Tocantins.

Neste domingo (16), a Prefeitura de Marianópolis publicou um decreto suspendendo as aulas, os atendimentos médicos e o transporte de moradores da zona rural até durarem as buscas. A medida foi adotada para que a Polícia continue com a caçada com segurança para os moradores da região.

Fuzis com alto poder de destruição foram apreendidos na Operação Canguçu — Foto: Divulgação/ Polícia Militar

Mortos em confronto

Durante confronto, dois suspeitos foram mortos e um, preso. Os policiais também apreenderam armamento de grosso calibre, milhares de munições, coletes à prova de bala, coturnos e outros materiais.

Nesta quarta-feira (12), Polícia Militar do Tocantins e de Mato Grosso identificaram dois dos integrantes da quadrilha. Eles são Raul Yuri de Jesus Rodrigues, de 28 anos, que morreu em confronto, e Paulo Sérgio Alberto de Lima, de 48 anos, que foi preso após fazer o funcionário de uma fazenda refém. O segundo morto não teve a identidade revelada.

Ainda não há informações sobre a quantidade de pessoas que fazem parte da organização. Após o primeiro embate com policiais tocantinenses, o grupo teria se dividido.

Força-tarefa

A perseguição começou no domingo (9) quando criminosos atacaram a cidade de Confresa, no Mato Grosso. Segundo a polícia, o grupo faz parte de uma quadrilha do ‘novo cangaço’. Fortemente armados, eles atiraram contra a base da PM, incendiaram pneus e veículos e tentaram assaltar uma empresa de valores, a Brinks.

Em seguida, fugiram para o Tocantins. A suspeita é que eles tenham atravessado os rios Araguaia e Javaés, em embarcações, até chegarem à Ilha do Bananal, na segunda-feira (10). Depois, tentaram afundar os barcos para não deixar rastros.

Enquanto continuavam a fuga pelo município de Pium, se depararam com uma viatura da Patrulha Rural da PM, que fazia uma ronda rotineira. Militares e suspeitos entraram em confronto. Depois disso, eles se dividiram. Um dos grupos invadiu a fazenda Agrojan, fez uma família refém e roubou veículos.

Ainda na segunda, turistas estrangeiros e funcionários do Centro de Pesquisa Canguçu, da Universidade Federal do Tocantins (UFT), tiveram que ser retirados às pressas da unidade por causa dos confrontos. Segundo informações obtidas pelo g1, os criminosos chegaram a entrar no centro de pesquisa e roubaram um barco, que foi encontrado posteriormente pela equipe policial.

 Fuzil .50 foi deixado por criminosos durante fuga, na Ilha do Bananal — Foto: Divulgação