O ano de 2024 foi delas. As atletas brasileiras foram o grande destaque da temporada com conquistas significativas para o esporte olímpico. Ao todo, elas faturaram 12 das 20 medalhas do Brasil nas Olimpíadas de Paris e, pela primeira vez na história, ultrapassaram os homens em conquistas. Os três ouros do país vieram com a judoca Beatriz Souza, a ginasta Rebeca Andrade, e a dupla de vôlei de praia Duda e Ana Patrícia.

Com uma delegação 55% feminina nos Jogos, as mulheres representaram bem o Brasil. Em relação aos números de Tóquio, foram três medalhas a mais entre elas. Nomes como Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Gabi Portilho, Thaísa, e até quem ficou sem medalha, como Ana Sátila que bombou na internet com diversos memes, estão entre as protagonistas do ano olímpico.

A história da conquista do ouro olímpico no solo de Rebeca Andrade

Fazendo uma análise geral, segundo Comitê Olímpico do Brasil (COB), a participação das mulheres nas Olimpíadas cresceu mais de 40 vezes nos últimos 100 anos. Em 1924, apenas 135 mulheres participaram dos Jogos e não havia brasileiras entre elas.

Apesar disso, a promessa do Comitê Olímpico Internacional (COI) de ter igualdade de gênero no número total de atletas em Paris não foi cumprida. Nesta edição da competição, as mulheres representaram 49,14% presentes, com 192 homens a mais.

Agora é que são elas: relembre conquistas importantes da temporada

Beatriz Souza – medalha de ouro 

Paris 2024: Beatriz Souza – Medalha de Ouro no Judô

Campeã olímpica na categoria acima de 78kg, Beatriz Souza garantiu a medalha de ouro em sua primeira participação em Olimpíadas. Atual segunda colocada no ranking mundial com 5830 pontos, a judoca de 26 anos encantou o Brasil com seu ótimo desempenho, emoção e voz ativa na luta contra preconceitos de várias naturezas.

– Mulheradas, pretos e pretas, é possível. Acreditem – disse após derrotar a israelense vice-líder do ranking mundial Raz Hershko.

Além de Bia, outra brasileira teve destaque no judô. Sarah Menezes, que também foi campeã olímpica, é treinadora da judoca e teve papel determinante na campanha da paulista. Ela foi a primeira mulher a conquistar a medalha de ouro como atleta e como técnica.

Rebeca Andrade dispensa comentários. Simplesmente, a maior medalhista olímpica da história do esporte brasileiro. Nesta edição dos Jogos, a ginasta faturou mais quatro medalhas – sendo uma de ouro (solo), duas de prata (salto e individual geral) e uma de bronze (por equipes).

O embate entre a brasileira e Simone Biles também foi um momento marcante nas Olimpíadas. Tida como favorita, a norte-americana reverenciou Rebeca após ver o ouro no solo escapar para o talento da ginasta.

Duda e Ana Patrícia – medalha de ouro 

Essa dupla emocionou o Brasil inteiro ao conquistar a primeira medalha de ouro no vôlei de praia após 28 anos. Amigas desde a adolescência, a sergipana e a mineira fizeram história ao vencer as canadenses Melissa e Brandie no tie-break, por 2 sets a 1.

Essa não foi a primeira vez que a dupla marcou o nome nas Olimpíadas. Em 2014, dez anos antes do tão sonhado ouro de Paris, elas já haviam subido ao lugar mais alto do pódio nos Jogos Olímpicos da Juventude, na China.

Ana Patrícia e Duda com a medalha de ouro — Foto: Luiza Moraes/COB.

Ana Patrícia e Duda com a medalha de ouro — Foto: Luiza Moraes/COB.

Tati Weston-Webb – medalha de prata

Tati Weston-Webb também foi destaque nas Olimpíadas de Paris. Ao enfrentar Caroline Marks na final, a surfista brasileira não se abateu, buscou a vitória até o fim e quase garantiu o ouro. Apesar de não levar a melhor, a prata conquistada tem extrema importância para o esporte nacional, já que foi a primeira medalha do surfe feminino para o Brasil.

Futebol feminino – medalha de prata 

Liderada pelo técnico Arthur Elias, a seleção brasileira de futebol feminino também fez bonito. Desacreditadas depois de uma campanha fraca na fase de grupos, a seleção conseguiu uma classificação inesperada, recuperou o mental abalado e avançou à final com goleada em cima da Espanha, atual campeã do mundo. No último jogo, mesmo com bom desempenho, elas ficaram com o segundo lugar, repetindo a melhor campanha já feita pelo Brasil – em Atenas 2004 e Pequim 2008.

A conquista foi marcada também pela despedida de Marta da seleção brasileira. Após participar de seis Olimpíadas, a craque de 38 anos disse adeus à seleção depois de 22 anos vestindo a amarelinha.

Marta na conquista da prata com a seleção feminina em Paris — Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Marta na conquista da prata com a seleção feminina em Paris — Foto: Rafael Ribeiro/CBF

Outras atletas que tiveram protagonismo foram Lorena e Gabi Portilho. Enquanto a goleira foi destaque em defesas incríveis, a atacante estreou em Jogos sendo decisiva para o Brasil, sobretudo nas partidas contra a anfitriã França, nas quartas de final, e na semi diante das espanholas.

Larissa Pimenta – medalha de bronze 

A paulista Larissa Pimenta garantiu o bronze na categoria até 52kg do judô após vencer a italiana Odette Giuffrida, atual campeã mundial, na disputa do terceiro lugar. Assim como Bia Souza, a judoca também é comanda por Sarah Menezes, que este ano faturou o prêmio de técnica do ano no Prêmio Brasil Olímpico.

Rayssa Leal – medalha de bronze 

Rayssa Leal não cansa de impressionar. Com apenas 16 anos, a brasileira conquistou o bronze em Paris e se tornou a atleta mais jovem a subir ao pódio em edições diferentes de Olimpíadas. Ela já tinha conquistado a prata em Tóquio 2020.

Além disso, a skatista ainda faturou o tricampeonato mundial no Super Crown da SLS, disputado em São Paulo no início de dezembro. Durante a temporada, Rayssa reforçou sua presença no “club dos 9” do skate ao alcançar sete vezes a marca dos 9 pontos em competições.

Ginástica Artística – medalha de bronze 

Rebeca Andrade, Flávia Saraiva, Jade Barbosa, Júlia Soares e Lorrane Oliveira brilharam muito nas Olimpíadas de Paris. Comandas pelo técnico Chico Porath, a equipe faturou um bronze inédito na modalidade para o Brasil.

A conquista teve nuances dramáticas. Ainda durante o aquecimento, Flavia Saraiva caiu das barras, bateu com o rosto no chão e abriu o supercílio. Mesmo machucada, a ginasta continuou competindo.

Ginastas brasileiras celebram a medalha de bronze em Paris — Foto: Miriam Jeske/COB

Ginastas brasileiras celebram a medalha de bronze em Paris — Foto: Miriam Jeske/COB

Fora do pódio até o fim da disputa, o Brasil acabou conquistando a medalha pela força de seu conjunto e pelo talento individual de Rebeca Andrade, que fez bonito no salto e garantiu a nota necessária para a equipe ocupar a terceira posição.

Bia Ferreira – medalha de bronze 

Pela segunda vez na história, Bia Ferreira garantiu uma medalha nas Olimpíadas. A brasileira ficou com o bronze no boxe feminino, na categoria de até 60kg, ao perder para irlandesa Kellie Harrington. Na modalidade, as duas lutadoras que perdem nas semifinais são premiadas com o terceiro lugar.

Bia Ferreira dança no ringue após vencer nas Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Bia Ferreira dança no ringue após vencer nas Olimpíadas de Paris 2024 — Foto: Gaspar Nóbrega/COB

Vôlei feminino – medalha de bronze 

Lideradas pela veterana Thaísa, que estava fazendo sua última partida pela seleção, o Brasil conquistou o bronze nas Olimpíadas de Paris ao vencer a Turquia na disputa pelo terceiro lugar.

As brasileiras nunca esconderam o desejo pelo ouro, mas acabaram tropeçando diante dos EUA na semifinal. No fim, porém, depois de muito empenho em quadra, a equipe saiu com o terceiro lugar. Com o resultado, Thaisa se tornou a quinta mulher brasileira a garantir três conquistas em Olimpíadas. Ao todo, a seleção feminina soma seis medalhas olímpicas – sendo duas de ouro (2008 e 2012), uma de prata (2020) e três de bronze (1996, 2000 e 2024). (GE)